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sábado, dezembro 31, 2011

2012



Em 1973, sob o apoio de uma ditadura recentemente instaurada, os "Chicago Boys" sobre a influência das teorias monetaristas de Milton Friedman implementavam violentamente um programa de "ajustamento estrutural" no Chile que em menos de um ano empobreceu mais de metade da população chilena, condenou para uns bons anos o seu povo à fome e à miséria e destruiu as principais estruturas do Estado Chileno tranferindo a riqueza do país para as mãos de uns poucos abutres da alta finança.

Mais tarde essa receita viria a repetir-se na Argentina e a alargar-se um pouco pela América Latina, por África e pela Ásia dizimando milhões de vidas nos mais variados continentes onde foi aplicada. Sob o comando de orientações ideológicas emanadas de instituições como o FMI, O Banco Mundial e a OMC, o chamado "Consenso de Whashington" arrasou economias por inteiro num fechar de olhos legitimado por pretensas teorias económicas "científicas" e por uma vulgata neoliberal incentivada e reproduzida nas mais prestigiadas escolas de economia e gestão à escala mundial.

Tudo isto que está bem documentado e é bem conhecido no mundo académico das ciências sociais é agora imoralmente repetido em larga escala pelos países europeus sob a batuta da Troika, o mesmo é dizer, pelo Banco Central Europeu, FMI e Comissão Europeia. O que há de novo no contexto Europeu é que esta receita assente na mais completa cegueira politica e ideológica é agora aceite como a solução para o problema (resultante desta mesma receita) com que agora somos confrontados e o facto de isto ser possível de ser aplicado numa das zonas mais ricas do mundo desenvolvido.

Em Portugal, o ministro a que parece que em privado chamam "salazarinho", é um monetarista puro e duro, no pior dos sentidos, uma vez que segue cegamente a cartilha ideológica aprendida nos "livros" da Universidade demonstrando um brutal desconhecimento da realidade económica e social do país. O maior dos perigos, portanto. Não fosse o marxismo o exemplo máximo do desastre deste tipo de "aplicações à realidade" baseados na crença de modelos óptimos de sociedade implementados não poucas vezes à base da mais vil violência não só física mas também simbólica.

É assim que Portugal em 2012 vai passar por uma brutal trajectória de empobrecimento das classes sociais já miseráveis (é de esperar que aumente não só a frequência mas também a intensidade da pobreza), que empobreçam as classes médias a um nível que as mesmas nunca tinham sonhado, que o desemprego continue a bater recordes históricos, que o poder de compra da maior parte da população diminua, que os rendimentos do trabalho atinjam quebras históricas talvez nunca vistas, que a democracia continue a sua trajectória falhada para limites muito próximos de uma ditadura, que a desconfiança face ao poder político aumente para atingir níveis de descrença absolutamente anómicas, que a dívida continue a agriolhar a vida de todo um povo, que a conflitualidade social quebre de vez o mito do povo de "brandos costumes".

Sim, as politicas neoliberais do PS de Sócrates abriram caminho ao desastre social. Os neo-fascistas agora no poder retiraram-nos qualquer réstea de esperança na construção de um mundo melhor.

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