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sábado, dezembro 26, 2009

ECCE HOMO

1. Foi o último a reconhecer a chegada da crise económica e o primeiro a ver a sua partida. Quando reconheceu que ela nos bateu à porta foi porque veio lá de "fora" e qual pandemia irradiadora, contaminou-nos a todos cá "dentro". Depois, ao mínimo sinal de um indicador económico mais positivo, mesmo quando todos os outros apresentavam um contexto de sinal negativo, o discurso foi sempre no mesmo sentido. Ou a nossa economia estava a reagir mais rápido do que a dos outros, ou os "outros" estavam-se a afundar primeiro do que "nós". No meio da farsa, o que de bom nos ia acontecendo era da responsabilidade "Dele". O que afundava a economia portuguesa, era da responsabilidade da maior crise de há oitenta anos. Agora veio o Natal e já vê sinais de retoma económica e de saída da crise. Triste economia política que deixou de ter em conta os números do desemprego e do endividamento dos portugueses. Nem o Pai Natal faria melhor. Ecce Homo.

2. Na Era Socrática é preciso dar muita atenção às palavras. Bem vistas as coisas, desde sempre o foi na História da Humanidade. Mas na Era de Sócrates elas tornaram-se mais ambíguas. Um "realista" que olha para as estatísticas do desemprego e as vê a disparar astronomicamente é um "céptico pessimista". Um crente que ouve atentamente o discurso do primeiro ministro e acredita nas suas palavras é um verdadeiro "optimista realista". Quem contesta o partido do poder, já o sabemos desde há alguns tempos atrás, é um "maledicente bota-abaixista". E quando a oposição se mobiliza para dizer que o caminho que nos afunda a todos, é o proposto ministerialmente, estamos perante uma "coligação negativa". Na Era das "conspirações", das "cabalas" e no tempo em que a verdade de hoje foi a mentira de ontem e a mentira de ontem a verdade de hoje, até o célebre "habituem-se" é hoje tido, pelo próprio, imagino eu, como uma "frase infeliz que só pode ser percebida num determinado contexto". Até quando?

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