Confesso que esta conversa que vai surgindo nos meios jornalísticos sobre a necessidade de voltar à "normalidade" me parece verdadeiramente apressada no contexto em que actualmente vivemos. Com centenas de mortos por dia aqui ao lado em Espanha e em Itália construiu-se esta mitologia em torno do milagre português. É certo que um dia se terá gradualmente de sair do confinamento social mas esse dia não me parece estar perto e o "voltar à normalidade" tem que ser feito com o máximo de segurança possível num contexto de alta insegurança e com a necessária confiança dos indivíduos e famílias de que o risco será mínimo. Esta é das tais coisas em que não se pode governar por decreto. Continuo a achar também que face à tragédia económica e social que se adivinha a atribuição de um Rendimento Básico Universal seria a medida mais justa para o conjunto da sociedade pois quem não perdeu o emprego manteria o seu salário e quem o perdeu teria um rendimento básico que lhe assegurasse uma existência social minimamente digna nesta hora de alta aflição. Na hora de saída do confinamento vamos ter uma parte da população desesperada com necessidade de ir trabalhar para sobreviver (já temos isso a acontecer) e exposta ao risco elevado e uma outra parte em teletrabalho com riscos mínimos de contágio. A desigualdade face ao risco é muito evidente e o risco de novas vagas de contágio provavelmente muito maior.
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