Estes tempos de medo e incerteza que governam as nossas vidas são também tempos que despertam o que de pior há no ser humano. Por estes dias o máximo representante da Comunidade Intermunicipal do Algarve afirmava que "se vierem para o Algarve ao menos que se comportem como algarvios" e o representante da Algfuturo revolta-se contra "os invasores" solicitando que quem não resida no Algarve seja "expulso". Para além de um debate interessante sobre quem são "os algarvios", estes discursos xenóbos são também extraordinários pelo que permitem perceber do facto de num apice o pânico instalado ter transformado o "outro desejado" pela dinâmica da actividade turística seja agora o "outro indesejado", o invasor que necessita ser expulso da comunidade, agora e já. Tudo se passa como se o "algarvio", essa pura raça do reino dos algarves, não fosse foco de contágio ou de infecção porque todo o mal vem de fora. Não se faz aqui um simples apelo ao controlo de fronteiras (quem está a permitir estas pessoas a chegar?) e ao confinamento mas a uma verdadeira expulsão. Decoro, racionalidade e contenção é o que se pede a quem está neste momento nos cargos de topo da região. E já agora, controlar as fronteiras a sério.
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