"A verdade é que o "sim" da Troika começa a valer muito pouco. Não garante qualquer regresso aos mercados internacionais na data prometida. Não garante o crescimento da economia. Não garante que o desemprego não aumente de forma descontrolada. E não garante que a confiança - nossa e de quem olha por nós - regresse." Esta passagem não foi escrita por mim aqui no macloulé que como sabem considero as políticas austeritárias absolutamente criminosas. Também não foi escrita por João Ferreira do Amaral que anda a alertar há anos para a insustentabilidade da política económica europeia em torno de uma moeda única sem instrumentos de política cambial autónomos para países como o nosso. Não foi escrita pelo novo líder da CGTP, Arménio Carlos. Não é nenhum escrito de Franscisco Louçã ou da boa economia política de Coimbra. E muito menos é uma qualquer passagem de Karl Marx se tivesse escrito "O Capital" nos dias de hoje. Não, a frase é do editorial do jornal Expresso deste fim de semana e é um perfeito indício de como os novos profetas do austeritarismo de ontem vão ser dos mais ferozes opositores do austeritarismo recessivo de amanhã. A realidade dos factos impõe-se sempre com uma força que nenhum credo religioso consegue travar. O catolicismo não protestante não conseguiu impedir a revolta protestante. A tradição religiosa não conseguiu impedir a secularização geral do ocidente e não eram umas quaisquer crenças ortodoxas ultraliberais altamente destrutivas da vida dos povos que impediriam a chegada da revolta contra-austeritária das populações. O jogo ainda está em aberto e o desfecho final é incerto, mas o que já se percebe é que os mais fervorosos adeptos da estupidez austeritária estão a começar a perceber o desastre que ajudaram a produzir à escala Europeia. A lavagem ideológica totalitária reproduzida mediaticamente começa a ganhar novos contornos. Num primeiro momento, as políticas austeritárias eram emanadas de uma divina "inevitabilidade". Num segundo momento surgiu a "brilhante" ideia da austeridade "digna" e "inteligente" emanada de algumas mentes de pouca inteligência. Nos tempos mais próximos a austeridade só por si não "chegava" e era preciso combinar austeridade com crescimento económico (assim uma espécie de combinação entre o muito frio e o muito quente), nos dias actuais já se ouve que a austeridade é um erro político, mas ainda não se consegue a libertação total do disparatado termo; e quem sabe vai haver um dia em que a austeridade abrirá telejornais apregoada aos sete ventos como um "erro fatal". Nesse dia, vai ser preciso a mobilização colectiva de todo um povo para construir a nação a partir dos escombros. Valham-nos a nossa senhora e o Cardeal Patriarca de Lisboa. Vai demorar uns bons anos. Entretanto a minha vida foi destruída e o futuro dos meus filhos ganhará um significado difícil de descortinar.
Muito bem !
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