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sexta-feira, março 25, 2011

A quem interessa o suicídio austeritário da União Europeia?

Parece que Sarkozy já se dá ao luxo de mandar avisos à oposição nacional do governo português. O "consenso de Bruxelas" imposto à maioria dos países da União Europeia, e com maior vigor aos PIGS da periferia do Sul têm como receita única um passaporte para uma enorme recessão social e no limite pode pôr em causa a ideia de Europa e as próprias democracias europeias. A quem interessa o suicídio austeritário europeu? Crescimento exponencial do desemprego. Cortes nos subsídios de desemprego e nos apoios aos desempregados. Retirada massiva de apoios sociais. Cortes abruptos nos serviços públicos de educação, saúde e segurança social. Cortes indignos nos salários dos trabalhadores da função pública. Despedimentos massivos no professorado. Redução brutal das indeminizações aos trabalhadores despedidos. Facilitação de despedimentos. Corte nos benefícios fiscais. Aumento dos impostos directos e indirectos. Congelamento de salários e redução nas pensões dos mais desfavorecidos. Aumento do custo de vida. Brutal pressão para a privatização dos melhores recursos públicos. Aumento exponencial dos lucros da banca. Redução de impostos pagos pelos banqueiros. Injecção maciça de dinheiros públicos na banca privada a fundo perdido. A lista do terrorismo de Estado na Europa é infindável.

Assistimos hoje ao mais brutal ataque neoliberal aos direitos sociais conquistados com muito sangue suor e lágrimas (é preciso recordar, sempre, que muita gente morreu para haver direito a férias, dignidade nas condições de trabalho, etc, etc, etc.) pelo chamado "modelo social europeu". A produção massiva do empobrecimento da maioria da população europeia não pode ser desligada da estratégia programada de uns poucos para se apropriarem da riqueza produzida por muitos. A crise tem responsáveis e eles têm que ser nomeados. Durante anos e anos a fio os políticos de direita e ditos de esquerda interviram no mercado no sentido da retirada progressiva da política desse mesmo mercado. Os políticos no poder, um pouco por todo o lado, interviram politicamente, no sentido da sua não intervenção política, na defesa da ideia de que o que era bom, era que o mercado se regulasse a si próprio.

O mercado "desregulado", louco e selvagem não é uma criação divina e muito menos "natural". Passaram a ditar as regras do jogo organizações internacionais como o FMI, o Banco Mundial, a OMC, o BCE e o comité central da Comissão Europeia. O jogo ficou controlado pela alta finança, pelos grandes grupos económicos e pelas agências de investidores financeiros. A economia de casino deixou de passar cartão à democracia, à economia real e ao sector produtivo e no limite, à vida humana. É isto que explica o círculo vicioso depressivo do suícidio austeritário. Se o jogo correr mal como tem probabilidade elevada de vir a correr, a destruição é massiva para quase todos os envolvidos. O sonho de uma linha contínua a apontar um progresso histórico futuro sempre melhor que o passado, não passa disso mesmo, de um sonho. O Pedro e o Miguel é que não têm culpa desta história. O Miguel tem dois anos e o Pedro seis. E já estão ambos condenados a uma existência miserável de um futuro encharcado de dívidas.

2 comentários:

  1. O "Consenso de Bruxelas" numa Bruxelas sem consenso!
    Falar é fácil. Deixem trabalhar quem sabe!

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  2. Não, não há consenso. Os acordos impostos sobre os pacotes de austeridade são uma ilusão. E o recorde histórico do desemprego é uma miragem. Deixem os homens trabalhar. O que é isso de falar é fácil? Quer dizer enterrem-nos vivos que nós deixamos? É isso?

    João Martins

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