1. Mais de 200000 pessoas segundo a imprensa nacional manifestaram-se hoje nas ruas de Portugal. Da confirmação da presença via net à presença de corpo real os números cresceram exponencialmente. As condições objectivas do protesto de massas estão todas aí. Desemprego estrutural de massas. Precarização geral do trabalho. Inflação e desvalorização social dos diplomas escolares e suas correlativas frustações relativas. Desconfiança brutal face ao poder governativo, aos partidos e às instituições políticas. Percepção de um futuro permanentemente adiado. Corrupção formal e informal no aparelho de Estado. Retirada brutal de direitos sociais conquistados historicamente com muito sangue, suor e lágrimas. Uma classe política indecente sem qualquer respeito pelo seu povo. O austeritarismo a substituir docemente a democracia.
2. A resposta popular (sobretudo das classes médias espremidas e frustradas) foi um exemplar exercício de cidadania. Espontaneamente e organizadamente milhares de pessoas sairam à rua para dizer que o linguajar político do dia à dia televisivo não corresponde minimamente à realidade quotidiana da vida das pessoas. Nos discursos das pessoas surgiam palavras de ordem como precariedade, desemprego, desespero, vida sem condições de existência, ausência de perspectivas de uma vida futura digna e de uma sociedade decente, mudança, começar de novo, continuar a luta. Hoje uma parte significativa do povo português deu motivos para o despoletar do sentimento do orgulho de ser português. Não sei se deram por isso, mas para além dos Homens da Luta, participaram Fernando Tordo, Rui Veloso e Vitorino. Hoje ouve um cheirinho à nostalgia de Abril.
3. Do lago do governo, em dia histórico, vieram as tradicionais indecências da já frágil democracia. De quem mais poderia ser? O ministro Maquiavel pois claro. Tudo bem, diz tal figura, as manifestações de rua são legitimas, mas não se ganha nada com demagogias de reclamar contra a classe política e as instituições políticas. É óbvio que esta maravilhosa manifestação de protesto pacífico não vai perdurar indefinidamente e que o mito do povo português ser um povo de "brandos costumes" não passa disso mesmo, de um mito. Se o governo não cair rapidamente e não formos para eleições já rapidamente e em força, o sistema social da democracia fica sem válvulas de escape que impeçam a revolta ou mesmo a revolução. Depois não se admirem do Rossio e da Avenida da Liberdade serem a nossa Praça Tahir. Eu não ficaria nada surpreendido.
Adenda: Em Loulé não há jovens, não há precariedade e nem há desemprego. Há um conjunto de burguesinhos mais ou menos bem instalados. Por aqui também se vê a vitalidade democrática de um determinado meio social.
2. A resposta popular (sobretudo das classes médias espremidas e frustradas) foi um exemplar exercício de cidadania. Espontaneamente e organizadamente milhares de pessoas sairam à rua para dizer que o linguajar político do dia à dia televisivo não corresponde minimamente à realidade quotidiana da vida das pessoas. Nos discursos das pessoas surgiam palavras de ordem como precariedade, desemprego, desespero, vida sem condições de existência, ausência de perspectivas de uma vida futura digna e de uma sociedade decente, mudança, começar de novo, continuar a luta. Hoje uma parte significativa do povo português deu motivos para o despoletar do sentimento do orgulho de ser português. Não sei se deram por isso, mas para além dos Homens da Luta, participaram Fernando Tordo, Rui Veloso e Vitorino. Hoje ouve um cheirinho à nostalgia de Abril.
3. Do lago do governo, em dia histórico, vieram as tradicionais indecências da já frágil democracia. De quem mais poderia ser? O ministro Maquiavel pois claro. Tudo bem, diz tal figura, as manifestações de rua são legitimas, mas não se ganha nada com demagogias de reclamar contra a classe política e as instituições políticas. É óbvio que esta maravilhosa manifestação de protesto pacífico não vai perdurar indefinidamente e que o mito do povo português ser um povo de "brandos costumes" não passa disso mesmo, de um mito. Se o governo não cair rapidamente e não formos para eleições já rapidamente e em força, o sistema social da democracia fica sem válvulas de escape que impeçam a revolta ou mesmo a revolução. Depois não se admirem do Rossio e da Avenida da Liberdade serem a nossa Praça Tahir. Eu não ficaria nada surpreendido.
Adenda: Em Loulé não há jovens, não há precariedade e nem há desemprego. Há um conjunto de burguesinhos mais ou menos bem instalados. Por aqui também se vê a vitalidade democrática de um determinado meio social.
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