É sustentável a ideia de desenvolvimento sustentável?
O PITER da Quinta Umbria permite transportar o modelo de "desenvolvimento" centrado na monodependência do Turismo para o interior Algarvio.
Sendo altamente discutível esta opção como modelo de "desenvolvimento", a discussão em torno deste projecto, põe também a nú as lutas pela definições socialmente levadas a cabo pelos diversos agentes sociais, em torno da aplicação prática da ideia de desenvolvimento sustentável.
Para os ambientalistas da Almargem, o projecto não serve os interesses do Algarve e põe em causa alguns dos principíos inerentes à noção de desenvolvimento sustentável, como seja o equilíbrio entre as dimensões económica, social e ambiental, os interesses das gerações futuras e o respeito pelas formas de vida não humanas.
Provavelmente, para os promotores do projecto, para além das vantagens próprias, do crescimento económico da região (?) e da criação de emprego, a dimensão ambiental foi harmoniosamente respeitada.
Para a autarquia local, o projecto respeita os princípios do desenvolvimento sustentável e os ambientalistas não têm razão nas suas reinvindicações e na possível queixa que dizem poder fazer em Bruxelas.
A quem interessa a noção de desenvolvimento sustentável? E que tem mais força social para pôr em prática as definições tidas como socialmente mais legítimas e conformes aos seus interesses?
Fica a notícia para que cada um reflicta sobre estas questões:
Região Sul 6 de Fevereiro de 2008
"Almargem decidida a parar projecto da Quinta da Ombria. Ambientalistas ameaçam recorrer às instâncias comunitárias
A associação ambientalista Almargem está contra a implantação do projecto da Quinta da Ombria no interior do concelho de Loulé e diz que vai “envidar todos os esforços para parar o projecto”, ameaçando “recorrer às instâncias comunitárias” se necessário.
Os ambientalistas criticam o projecto em toda linha. Dizem que é “um claro exemplo do modelo já gasto do litoral que se está a querer importar para o interior”, que é um projecto “massivo”, “socialmente injusto” e que “inviabiliza qualquer outro projecto turístico local”.
A Quinta da Ombria é um empreendimento que pretende ocupar 144 hectares nas freguesias de Querença e Tôr. Terá 1700 camas distribuídas por um hotel de cinco estrelas, blocos de apartamentos e moradias unifamiliares. Conta com campo de golfe e outras valências. O Plano de Pormenor foi aprovado na última Assembleia Municipal de Loulé, dando luz verde ao arranque do empreendimento.
A Almargem considera que o projecto “implica um aumento brutal da pressão humana sobre o território, duplicando, de um momento para o outro, a população residente no conjunto das duas freguesias”. Segundo os Censos de 2001, Tôr tem 887 habitantes e Querença tem 788.
O Governo deu o aval ao projecto em 2004 mas a Comissão Europeia enviou em Junho de 2006 um parecer considerando existir infracção ao direito comunitário, instando Portugal a corrigir a situação.
Em causa estava o facto do projecto não ter sido objecto de uma avaliação de impacto ambiental exaustiva e de ter sido subvalorizado a afectação de um Sítio de Interesse Comunitário para a conservação da natureza inserido na Rede Natura 2000, o Barrocal.
O projecto foi revisto mas a Almargem defende que “continua a promover a ocupação incompreensível de áreas de grande declive, nomeadamente zonas de drenagem natural, com edificações, promovendo a sua alteração, bem como de áreas de leito de cheia, concretamente da Ribeira da Tôr, por via da instalação de um campo de golfe”.
A associação está decidida a tentar parar o projecto que considera “profundamente lesivo dos valores naturais e culturais em presença” e que “se necessário for”, vai “recorrer às instâncias comunitárias”."
http://www.regiao-sul.pt/noticia.php?refnoticia=80863
Pode ver a nota de Imprensa emitida pela Associação Ambientalista Almargem em http://www.almargem.org/images/articles/73/NIQuintadaOmbria.pdf
Usos e abusos do conceito de desenvolvimento sustentável
*** Primavera**** Cec�lia Meireles A primavera chegar� mesmo que ningu�m mais saiba seu nome, nem acredite no calend�rio, nem possua jardim para receb�-la. A inclina�o do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo ch�o, come�am a preparar sua vida para a primavera que chega. Finos clarins que n�o ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das ra�zes, � e arautos sutis acordar�o as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no esp�rito das flores. H� bosques de rododentros que eram verdes e j� est�o todos cor-de-rosa, como os pal�cios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos come�am a ensaiar as �rias tradicionais de sua na�o. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, � e certamente conversam: mas t�o baixinho que n�o se entende. Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo c�u o primeiro raio de sol. Esta � uma primavera diferente, com as matas intactas, as �rvores cobertas de folhas, � e s� os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os bra�os carregados de flores, e vem dan�ar neste mundo c�lido, de incessante luz. Mas � certo que a primavera chega. � certo que a vida n�o se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetua�o. Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens ter�o a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do c�u. E os p�ssaros ser�o outros, com outros cantos e outros h�bitos, � e os ouvi�dos que por acaso os ouvirem n�o ter�o nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou. Enquanto h� primavera, esta primavera natural, prestemos aten�o ao sussurro dos passarinhos novos, que d�o beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas �rvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente est�o sendo tecidos os manac�s roxos e brancos; e a euf�rbia se vai tornando pulqu�rrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gard�nias ainda est�o sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor. Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lan�ado ao vento, � por fidelidade � obscura semente, ao que vem, na rota�o da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida- e efemera. Enviado por Mineirinha em mar�o 19, 2008 04:33 PM
ResponderEliminarTRANSCRI��O de um poema colocado no blog Louletania. Muito a prop�sito. Porque esse empreendimenro representa o in�cio do fim da Primavera na regi�o Tor-Queren�a. Tudo destroem...tudo aniquilam...em nome da...GAN�NCIA!!!
Portugueses temem problemas ambientais
ResponderEliminarA poluição, os incêndios e a destruição da camada de ozono, são algumas das maiores preocupações dos portugueses, a seguir à violência, revela uma investigação do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
A investigação, que acaba de ser publicada pela Imprensa das Ciências Sociais (a editora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, ICS-UL), com o título “Os Portugueses e os Novos Riscos”, inclui um inquérito realizado a 700 pessoas entre 2003 e 2006 e incidiu principalmente sobre questões ambientais.
Questionados sobre os riscos que mais temem, 24 por cento dos portugueses apontam a violência, surgindo a seguir os problemas ambientais, indicados por 21% dos inquiridos.
A maioria dos portugueses (84%) considera que os riscos ambientais tendem a aumentar no futuro, mas só pouco mais de metade (55%) tem o hábito de procurar informações sobre o assunto e 90,5% nunca participou em acções de protesto perante riscos ambientais ou de saúde pública.
Os portugueses temem...mas não protestam!!! Por isso é tão fácil o Uso e Abuso do conceito de desenvolvimento sustentável...
Boas Jorge...interessante a informação que aqui nos trás.
ResponderEliminarÉ importante notar que cresce a preocupação das populações com as questões ambientais. O que revela duas coisas...uma positiva...o aumento da consciência civíca ambiental dos portugueses...outra menos positiva...o agravamento progressivo do ambiente e da qualidade de vida dos portugueses.
Sobre os protestos...concordo consigo...aqui por Loulé o abate de árvores por exemplo é encarado com um misto de apatia e indiferença...
Abraços