Este post é sobre metaendrominações, ou se quiserem, sobre as endrominações das endrominações da ideologia dominante. E levanta a hipótese meramente especulativa de serem as metaendrominações a forma mais eficaz de manutenção da ordem social e de legitimação da barbárie austeritária. Em que consistem as endrominações das endrominações da ideologia dominante? Consiste por exemplo em celebrar efusivamente algo que já não existe e fazer de conta que é preciso defender essa existência. Falo obviamente da democracia e da forma como o 25 de Abril está a ser comemorado no concelho de Loulé. Não se pode celebrar efusivamente algo que se tem que reconquistar sob pena de mais não se fazer do que recuperar uma certa nostalgia do passado. Quando o país está a ser velozmente destruído por décadas. Quando a Troika governa à distância. Quando a dívida destrói qualquer possibilidade de fazer presente ou futuro. Quando as decisões que contam nas nossas vidas são ditadas por especuladores e banqueiros. Quando a política e a democracia foram liquidadas pela mão invisível dos mercados. Quando a constituição da república é constantemente violada. A efervescência em torno das comemorações da génese da democracia em Portugal mais não é do que uma desesperada tentativa controlada e organizada de manutenção do controlo social. Na hora da morte da democracia e na génese de uma sociedade pós-democrática é preciso celebrar efusivamente a democracia. A democracia morreu. Viva a democracia.
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