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quinta-feira, abril 11, 2013

Escrito em 4 de Maio de 2011 - Por João Martins

FMI É Bom, Bancarrota É Óptimo

Já conhecemos o plano que a Troika elaborou para a governação do país. Um dia antes das medidas serem anunciadas publicamente José Sócrates e o governo Social
ista prendaram-nos com um dos mais hilariantes números circences da (ainda?) democracia portuguesa. O primeiro ministro discursou à nação a partir do que não estava no plano do "acordo" (com aspas) com a troika esquecendo por completo o que foi "acordado" (com aspas) com a dita cuja. O primeiro ministro que diabolizou o FMI, que jurou a pés juntos que nunca governaria com o FMI tornou o "acordo" (com aspas) na quase sétima maravilha do mundo. Subentende-se no discurso do primeiro ministro que o "acordo" (com aspas) foi uma coisa boa para o país. Nunca como hoje a novilingua Orwelliana foi levada tão longe por um governo em Portugal. FMI é bom, bancarrota é óptimo.

O plano real foi conhecido hoje (não o plano imaginário das mentiras do primeiro ministro e do governo socialista). Aumentos astronómicos no IVA de produtos de primeira necessidade e outros. Aumentos no IRS. Diminuição de deduções com a saúde, a educação e noutras conquistas sociais. Cortes nos subsídios de desemprego (medida sempre asquerosa para um governo socialista). Cortes nos apoios sociais. Aumento no IMI. Despedimentos massivos na função pública (que ainda ontem o primeiro ministro afirmava à boca cheia que não aconteceria). Encolhimento das autarquias e juntas de freguesia (uma das principais conquistas de Abril). Aumento nas taxas moderadoras da saúde e cortes brutais nas verbas para a saúde e educação. Privatização indecorosa dos melhores recursos públicos a preços de saldo e por fim, no meio de tantas outras medidas de brutal regressão social, a cereja em cima do bolo, doze mil milhões de euros literalmente sacados aos contribuintes para injectar na banca para tapar os "buracos" gerados por banqueiros corruptos na vandalização literal dos recursos da república portuguesa (já se tinha percebido porque obrigaram os banqueiros a democracia a ceder à troika FMI/BCE/UE). Perante este vendaval de regressão económica e social é inacreditável que uma parte da indigente opinião publicada nacional encare o "acordo" como "positivo".

Uma das conclusões fortes que podemos tirar deste "plano de resgate" é que estamos perante uma das mais poderosas ofensivas dos ideólogos neoliberais. A doutrina de choque do capitalismo de desastre é assumida pelos próprios feitores de mais desastre como provocando, desde já, este ano, uma recessão de dois por cento na economia nacional e mais dois por cento no ano que se há-de seguir. Um plano que aprofunda a recessão e que leva numa lógica circular viciosa a mais recessão é encarado por parte da iluminária nacional como "inevitável" e "necessário". O problema é que a realidade é sempre mais forte e complexa do que as ideias de boa parte das elites que nos desgovernam. Vai vir o PEC VI, depois virá o PEC VII, depois haverá a renegociação da divída em cima da mesa (um diabo para os credores) e poderá vir o dia em que estaremos em risco (já estamos) de ter que declarar publicamente a bancarrota. Se não for à maneira Islandesa não vejo maneira de dar a volta a isto. FMI é bom, bancarrota é óptimo. Ganhou a novilíngua orwelliana. E a democracia
?

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