Luis Alexandre, 29 de Janeiro de 2010, no Blogue A Defesa de Faro.
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domingo, janeiro 31, 2010
O IKEA na esfera pública
A implantação do IKEA ainda demora, o seu processo negocial decorria sem sobressaltos mas, muitos factores conjugados, incluindo um certo desrespeito pelo sentir algarvio, provocaram a mobilização de várias correntes de opinião. A discussão, sem precedentes, em volta de mais dois mutifacetados mega espaços da distribuição, no caso, no espaço físico ainda a descoberto do concelho de Loulé, fez levantar um cortejo de vozes que procuram a razão e a avaliação dos impactos, à luz dos interesses de desenvolvimento estratégico da região. Pela primeira vez no Algarve, estes mega projectos, saíram das fronteiras da análise estreita dos impactos e anseios de um concelho, para ser visto num contexto de implicações regionais. A prática recorrente da confinação dos procedimentos e decisões numa linha directa investidor/Governo/Autarquia, com aprovação assegurada na CIA/AMAL, foi posta em causa, dadas as assimetrias que provocam nos territórios vizinhos. Até aqui, o investidor vinha de Lisboa com o sim debaixo do braço e o Algarve calava-se. Alteravam-se todas as ferramentas jurídicas do uso do território para lhe dar justificação. E quando enfrentavam resistências, abatia-se sobre a região a força governamental dos sacrossantos PIN. O Algarve político, claudicava na racionalidade, privilegiando os ganhos imediatos contra os estragos a médio e longo prazo. Os argumentos do investimento e empregabilidade, sempre inflacionados para consumo popular, não são hoje lineares em função da experimentação. As correntes do pensamento algarvio, anestesiadas por determinados estilos de política partidária, finalmente perceberam a importância da sua opinião livre e exigência de respeito pelas Leis, que supostamente ordenam o território. É de saudar esta mudança, que sendo ténue, tem um significado profundo, no momento em que enfrentamos problemas estruturais muito sérios. Numa análise retrospectiva, quanto aos exíguos fundos provenientes dos vários quadros comunitários, conseguimos mudar pouco mais que o mapa das estradas e equipamentos sociais. O actual QREN, igualmente irrisório, embora com o mérito de vir a ser aplicado em inovação e energias limpas, é de todo incapaz de dar um novo rumo estratégico à estrutura social e económica do Algarve. Também a crise orçamental instalada, retira-nos perspectivas de alcançar uma nova etapa de mudança e poderá até comprometer o prometido. Com esta situação regimental e se o nosso silêncio persistir, o Algarve continuará a marcar passo. O valor intrínseco deste gesto de fazer valer a opinião regional, precisa de continuidade e organização. Com a regionalização ainda nas intenções, os algarvios têm de formular o seu próprio caderno negocial com o Governo e impedir a colonização de organismos e lugares de representatividade parlamentar. O Algarve, para mudar o seu curso tem de mostrar firmeza, o que não tem acontecido…
Faço da vida um caminho em que a felicidade está nas pequenas grandes coisas que o mundo nos permite desfrutar.
"Carpe Diem"
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