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sábado, agosto 04, 2007

Socialismo Moderno e Flexinsegurança

O actual governo do partido dito socialista é claramente seguidista das orientações mais extremas do neoliberalismo em quase todas as esferas da vida social.

A privatização e a destruição do Serviço Nacional de Saúde; a privatização da educação, a precarização geral do trabalho, a privatização dos sistemas de protecção social, o incentivo à criação dos "extraordinários" instrumentos de "desordenamento" do território que são os PIN's, são medidas políticas de sentido único claramente favoráveis aos interesses do capital e dos grandes interesses económicos que comandam as políticas socialistas.

A flexigurança é mais uma "invenção" social à medida dos interesses dominantes emanados das orientações neoliberais da União Europeia e que se inserem numa estratégia global de precarização do trabalho por parte dos agentes dominantes da ordem económica mundial.

Vejamos o que diz sobre o assunto um dos mais conceituados sociólogos portugueses da actualidade, em artigo da revista Visão de 2 de Agosto de 2007, intitulado "Flexinsegurança".

Passo a citar:

"Vivemos um tempo em que a estabilidade da economia só é possível à custa da instabilidade dos trabalhadores, em que a sustentabilidade das políticas sociais exige a vulnerabilidade crescente dos cidadãos em caso de acidente, doença ou desemprego.
Esta discrepância entre as necessidades do "sistema" e a vida das pessoas nunca foi tão disfarçada por conceitos que ora desprezam o que os cidadãos sempre prezaram ou ora prezam o que a grande maioria dos cidadãos não tem condições de prezar.

Entre os primeiros cito o emprego estável, pensão segura e assistência médica gratuita. De repente, o que antes era prezado é agora demonizado: a estabilidade do emprego torna-se rigídez nas relações laborais; as pensões transformam-se na metáfora da falência do Estado; o serviço nacional de saúde deixa de ser um benefício justo para ser um custo insuportável.

(...) No dominío das relações laborais está a emergir uma variante do conceito de autonomia. Chama-se flexigurança.
Trata-se de aplicar entre nós um modelo que tem sido adoptado com êxito num dos países com maior protecção social da Europa, a Dinamarca.
Em teoria trata-se de conferir mais flexibilidade às relações laborais sem pôr em causa a segurança do emprego e do rendimento dos trabalhadores. Na prática, vai aumentar a precarização dos contratos de trabalho num dos países na Europa onde, na prática, é já mais fácil despedir.

Não vai haver segurança de rendimentos, porque, enquanto o Estado providência da Dinamarca é um dos mais fortes da Europa, o nosso é o mais fraco; porque o subsídio de desemprego é baixo e termina antes que o novo emprego surja; porque o carácter semiperiférico da nossa economia e o pouco investimento em ciência e tecnologia vai levar a que as mudanças de emprego sejam, em geral, para piores, não para melhores empregos; porque a percentagem de trabalhadores portugueses que, apesar de trabalharem, estão abaixo do nível de pobreza, é já a mais alta da Europa; porque o factor de maior vulnerabilidade na vida dos trablhadores, a doença, está a aumentar através da política de destruição do Serviço Nacional de Saúde levada a cabo pelo ministro da saúde; porque os empresários portugueses sabem que os acordos de concertação social só são "obrigados" a cumprir as cláusulas que lhes são favoráveis, deixando incumpridas todas as restantes com a cumplicidade do Estado.

Enfim, com a flexigurança que, de facto, é uma flexinsegurança, os trabalhadores portugueses estarão, em teoria, muito próximos dos trabalhadores dinamarqueses e, na prática, muito próximos dos trabalhadores indianos".

Triste Socialismo!!! Com estas políticas, todos percebemos o acordo de concertação estratégica entre o primeiro ministro Sócrates e o Presidente Cavaco.

Há aberrações políticas que de tão inquestionáveis valem a pena ser questionadas.

Abraços carnavalescos de Verão.

1 comentário:

  1. Gostei do post mas adorei a despedida ...!

    Um abraço da M&M & Cª!

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