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quinta-feira, agosto 16, 2007

A quem beneficiam as actuais políticas económicas do governo que se diz socialista?

Notícia do Diário Economico de 14 de Agosto de 2007

"Portugal agrava fosso entre ricos e pobres para o pior nível europeu. O fosso entre ricos e pobres atingiu uma dimensão inédita.
As diferenças salariais entre administradores e restantes trabalhadores podem explicar o agravamento das desigualdades.
"Portugal não pode continuar a ser um dos países europeus em que a pobreza e a desigualdade entre os que trabalham é maior". A afirmação consta do programa do Governo, mas os mais recentes dados estatísticos sugerem que o País detém e vai continuar a deter aquele que é um dos recordes menos cobiçados do mundo desenvolvido.
Contrariando a tendência europeia, Portugal é hoje não apenas o "campeão", mas também o Estado-membro da União Europeia onde as disparidades de rendimento mais se acentuaram nos últimos anos"

Para além de as desigualdades na distribuição do rendimento se terem agravado ficamos também a saber que somos os mais mal pagos da UE a 15.

Continuemos a leitura do Diário Económico:

"Os números europeus, que mostram também que os portugueses são os mais mal pagos da União Europeia a 15, indicam que as contas da água, luz e gás se contam entre os serviços mais baixos e as telecomunicações entre os mais caros, de acordo com o ‘Jornal de Negócios’.

Com efeito, os preços das telecomunicações são, em média, dois por cento superiores aos dos restantes países da União Europeia a 15.

Ou seja, apesar de conseguirem comprar os produtos mais baratos, o que é uma vantagem, os portugueses têm salários percentualmente ainda mais baixos, o que significa que não podem fazer grandes poupanças com base no desfasamento registado pelo Eurostat (o organismo responsável pelas estatísticas da União Europeia).

Para agravar as condições dos portugueses, a carga fiscal tem vindo a crescer. O organismo de estatísticas da União Europeia conclui que a carga fiscal portuguesa atingiu os 35,3 por cento em 2005, quando dez anos antes se encontrava nos 31,9 por cento. Fazendo as contas aos valores do PIB divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a preços do ano passado, esta variação representa um aumento de 5,2 mil milhões de euros.

Contudo, a avaliar pelo último Boletim da Primavera do Banco de Portugal, a carga fiscal terá aumentado 37 por cento em 2006.

Apesar do aumento, a carga fiscal em Portugal é inferior à média da União Europeia (39,6 por cento), mas é a décima mais elevada dos 27.

Também no que diz respeito ao salário mínimo, as estatísticas europeias não mostram o melhor. Segundo os últimos dados do Eurostat, divulgados em Julho, 5,5 portugueses em cada cem recebem o salário mínimo nacional, o que coloca Portugal, com 437 euros, a meio da tabela de 18 países da União Europeia.

O Luxemburgo lidera a tabela com 1503 euros por mês, encontrando-se a Letónia em último lugar, com um salário mínimo de 129 euros".


O patronato e os actuais actores dominantes no campo político e económico, também alegam frequentemente a impossibilidade económica de uma mais justa repartição do rendimento.

Desmistifiquemos esse argumento com a ajuda da informação públicada no site
http://resistir.info/portugal/desigualdades.html#asterisco :

Argumento muito habitual no discurso governamental e patronal é que não se pode aumentar os salários porque a massa salarial já é incomportável tendo em conta a riqueza produzida.
Os dados oficiais do Banco de Portugal que estão disponíveis no "site" deste organismo mostram claramente que os baixos salários que vigoram no nosso País têm provocada uma profunda desigualdade na repartição da riqueza produzida em Portugal.
Os dados mostram um claro e rápido agravamento da repartição da riqueza crida em Portugal nos últimos anos.
Como se sabe , o valor do Produto Interno Bruto dá precisamente o valor da riqueza que é criada em cada ano num país, o qual é depois repartido pelos diversos intervenientes no processo produtivo.
De acordo com os dados que foram publicados pelo próprio Banco de Portugal, em 1973, portanto no ano anterior à Revolução de Abril , a parte do rendimento nacional que os trabalhadores portugueses recebiam sob a forma de "Ordenados e Salários " representava apenas 47,4% do Produto Interno Bruto. Em 1974, com a Revolução de Abril, essa parte subiu para 52,5%, tendo atingido em 1975 o maior valor de sempre, que foi 59% do PIB. A partir deste ano, a parte que cabe aos trabalhadores começou a decrescer atingindo em 1995 apenas 35% do PIB segundo dados do Banco de Portugal, e ,no ano 2002, menos de 37% segundo uma estimativa feita com base em dados do Banco de Portugal, portanto um valor bastante inferior ao que se verificava mesmo antes do 25 de Abril.

Por outro lado, o chamado "Excedente Bruto de Exploração" , ou seja, os lucros brutos têm aumentado. Em 1975, representava apenas 24,3% do Produto Interno Bruto, enquanto em 1995 já atingia os 39,8% , ou seja, um valor superior ao verificado mesmo antes de 25 de Abril – em 1973 representava 37,1% - como provam os dados publicados pelo Banco de Portugal".

Contrariamente ao que afirma o discurso governamental e patronal, existe criação riqueza em Portugal, o que sucede é que ela está cada vez mais mal distribuída.

Que tal o regresso do "verdadeiro" partido socialista ao governo? A justiça social assim o reclama e os cidadãos agradecem.

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