Dia 15 de Setembro de 2012 vai ficar na História como uma das maiores manifestações de cidadania política e social da sociedade portuguesa. Perto de 1 milhão de pessoas saiu à rua para dizer basta às políticas de austeridade da Troika e do governo PSD/CDS. Mas não foi só um basta em relação a isso. De alguma forma o corte da relação entre representantes e representados atingiu o seu ponto máximo na manifestação de descontentamento deste dia. Nunca mais as coisas ficarão na mesma. A percepção pública em relação aos efeitos das políticas desastrosas de austeridade modificou-se. A partir deste dia não mais nos podem vender o discurso do sofrimento como salvação. Que empobrecer é bom para todos nós e que o "bom povo português" é tolerante, pacífico e compreensivo face ao desastre que lhe é politicamente imposto. A dimensão dos desafios que se colocam ao nosso país e aos nossos destinos individuais e colectivos é gigantesca. Trata-se de alguma forma, para uma boa parte de nós da batalha das nossas vidas. É urgente acabar de uma vez por todas com o círculo vicioso da austeridade recessiva. A austeridade é o problema. É preciso ter coragem para romper com o memorando da Troika. Vai ser preciso coragem para se necessário reconhecer que é melhor sair do euro do que nos mantermos com uma moeda que nos destrói a vida e hipoteca o futuro. É preciso defender a democracia com unhas e dentes e fazê-la sobrepor-se ao capitalismo selvagem. É preciso rejeitar firmemente políticos e políticas que deprezam os valores mais básicos do respeito pelos direitos humanos e pela dignidade humana em prole de carreiras burotecnocratas nas instâncias canibalizantes do capital financeiro internacional. É preciso sair à rua, sairmos muito à rua para deixarmos de ser meros espectadores das nossas vidas e para nos tornarmos donos do nosso destino. É preciso instituir na arena pública o homo implicado. É tempo de aprender a fazer escolhas sabendo que há escolhas que são irredutivelmente inconciliáveis.
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