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domingo, maio 21, 2006

Problemas da cidade de Loulé 22: A ideologia do fim das ideologias

A crise petrolifera do início dos anos 70 trouxe consigo o fim de um período de crescimento económico sem precedentes no mundo ocidental. Era o fim dos conhecidos "trinta gloriosos" anos e do compromisso político entre o sistema capitalista como sistema de trocas económicas legitimamente institucionalizado e a democracia representativa, consubstanciada no Walfare State, conhecido entre nós como Estado Providência, sendo este que assegurava uma maior equidade na distribuição da riqueza acumulada e que sustentou o crescimento das classes médias no mundo ocidental, impedindo assim que as profecias de Marx da revolta do proletariado face aos capitalistas se concretizassem.

Com a criação do Estado de Bem Estar na Europa os cidadãos dos países europeus institucionalizavam os direitos sociais, que tanto suor, sangue e lágrimas tinham custado às classes trabalhadoras e pela primeira vez na nossa história uma grande maioria da população usufruia de sistemas universais de Saúde, Educação, Segurança Social, apoio social aos mais desfavorecidos e portanto instaurava-se um contrato social colectivo em que o social era encarado como muito mais do que um mero somatório de individuos isolados e em que a solidariedade social era um compromisso assumido entre os cidadãos e o seu Estado.

No início dos anos 80, com a chegada de Margaret Tacher (a dama de ferro) ao poder em Inglaterra e de Ronald Reagan nos EUA, as políticas neoliberais assumem a supremacia, assim como a ideologia de que o mercado deve funcionar por si próprio, pois só desta forma se conseguirá um ajustamento perfeito da economia.
Associado a esta ideia, a crença tida como indiscutível,de que o Estado só atrapalha o funcionamento da mesma e portanto deve ser reduzido ao minímo, para que assim se substitua o governo dos homens pela administração natural das coisas.

Com a queda do muro de Berlim e a vitória do sistema capitalista sobre o sistema comunista estavam asseguradas as condições para que o "Pensamento único" traduzido no fundamentalismo neoliberal assumisse as funções de equivalente funcional dos dogmas de fé religiosos tipícos do tempo da inquisição.

Francis Fukuyama declara o"Fim da História" (o que só demonstra como também os intelectuais mais consagrados podem ser portadores de uma cegueira estupidificante) e outras grandes mentes iluminadas o "Fim das Ideologias".

O que restou então?

O fundamentalismo neoliberal, sob a forma de ideologia do fim das ideologias, que se consagra a si mesmo como forma de pensamento único e que é inculcado a partir das grandes instâncias internacionais como o Banco Mundial, O FMI, a OCDE, o Banco Central Europeu e algumas universidades de elite ligadas aos grandes negócios internacionais que alguns autores designam como o "consenso de Washinton" e que decretam o fim único para o qual devem caminhar a economia dos países de todo o mundo, matando a política, subordinando-a totalmente à economia.

Bem poderiamos dizer...é o DÉFICE ESTÚPIDO!

Só tenho pena que esta seja uma doença que contagia partidos à direita e à esquerda, convertendo-se estes últimos em prostitutas de ocasião, em busca dos eleitores imaginários de um "centro" que está em todo o lugar e em lugar nenhum.

Lamento também com profunda mágoa que o socialismo e a social-democracia, essenciais ao funcionamento da democracia em meu entender, estejam novamente metidos na gaveta.

A política de volta é preciso. Vários caminhos são possíveis...trata-se é de reinventar novas formas de viver em sociedade e de construir em harmonia o colectivo.

Abraços a todo o pessoal com votos de que a História nunca tenha fim.

João Martins

4 comentários:

  1. João,

    Manuel Alegre já deu o mote na sua campanha, aglomerando pessoas de diferentes posições partidárias e de opiniões diferentes!

    È neste sentido que temos que avançar ...

    Não podemos ser de horizontes limitados e dizer que somos só socialistas ou sociais-democratas, porque ambos não são perfeitos!

    Terá de haver uma mescla de pensamentos e liberalização de politicas!

    Desta forma, é que vamos ao encontro das soluções dos problemas que a história nos vai colocando dia a dia!

    Bjks da Matilde

    PS: Todos fazem falta ...

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  2. Um misto entre a parte socialista, em que o Estado è o garante das necessidades sociais da população, e a outra parte liberal a funcionar como economia de mercado em que o mesmo se regula sozinho é do meu ponto de vista o modelo mais adequado; mas a tendência como você diz é para caminharmos cada vez mais para o segundo ponto, infelizmente.

    Um Abraço e Boa Semana,

    Pedro Gonçalves.

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