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sexta-feira, maio 12, 2006

Problemas da cidade de Loulé 21: Uma forma social ligeiramente diferente da nossa

Numa época em que a interculturalidade atinge contornos de moda e de urgente necessidade e em que qualquer pacato cidadão da cidade de Loulé se encontra com pessoas provenientes de outros sítios do globo e de outras culturas a qualquer hora do dia, deixo-vos o conhecimento dos habitantes das ilhas Marquesas na Polinésia estudados pelo antropólogo Ralph Linton em 1920.

Sirvam-se e bom apetite;

"Os habitantes das ilhas Marquesas constituem um povo da Polinésia que vive numa ilha do Pacífico Central a mais ou menos dez graus a sul do Equador e que são de uma extrema beleza física, sobretudo as mulheres. Foram os últimos habitantes da Polinésia a serem cristianizados e resistiram muito tempo à influência dos brancos, chegando mesmo a escorraçar os missionários. Quando foram submetidos, reagiram não procriando...

Ilhas montanhosas, cercadas por falésias abruptas, as Marquesas são formadas por vales estreitos separados uns dos outros por esporões rochosos. De vez em quando, estas ilhas são vítimas de secas prolongadas e destruidoras que originam péssimas colheitas e escassez de água. Estas secas, que se prolongavam por vezes, durante três anos, provocavam verdadeiras fomes e podiam reduzir a população a um terço, levando por vezes, os indígenas a praticar o canibalismo.

A propriedade agrícola apenas consta de árvores ou jardins dispersos pelos vales. A terra é propriedade colectiva da tribo, administrada pelo chefe, mas as árvores e as colheitas são propriedade individual. Em cada nascimento planta-se uma árvore que será propriedade do recém-nascido. Apesar disso, a base da alimentação é fornecida pela pesca que se organiza numa base comunitária com a ajuda de redes gigantes colocadas entre os barcos.

Antigamente, os habitantes das ilhas Marquesas eram robustos canibais e, excepcionalmente, até as mulheres tinham autorização para comer carne humana. Persiste um canibalismo cerimonial destinado a incorporar as qualidades do indíviduo que se come (em geral, de uma outra tribo) com preferência pelas crianças.

O estatuto social é determinado pela primogenitura, independentemente do sexo. Pratica-se, regularmente a adopção. Através dos parentes que possuem em cada geração a posição social mais elevada, os habitantes das ilhas Marquesas estabelecem a sua genealogia (que, por vezes, recua até setenta ou oitenta gerações).

Os casamentos são endogâmicos à tribo, verificando-se uma grande mobilidade. Entre os habitantes das ilhas Marquesas, há duas vezes e meia mais homens do que mulheres. A causa deste fenómeno é desconhecida ou é escondida. Por isso, o lar marquesiano é poliândrico. Há um marido principal e maridos secundários, excepto nos lares mais pobres...Os lares mais abastados podem ter mais de quatro homens para uma mulher e a casa do chefe tem onze ou doze homens para três ou quatro mulheres. Todos os membros do grupo assim formado têm direitos sexuais uns sobre os outros, constituindo-se assim uma espécie de casamento de grupo..."

Ralph Linton in Claude Dubar "A socialização. Construção das identidades Sociais e Profissionais".

Pois é, numa época em que a empregada de limpeza lá de casa é Angolana, a empregada do café do vizinho é ucraniana, o dono do restaurante de fim de semana é chinês, o craque do clube da terra é brasileiro, o médico de família é espanhol e o vizinho da vivenda do lado é um reformado proveniente de Ingleterra convém pensar em como conviver harmoniosamente com "os outros", os "estranhos" e enriquecermo-nos mutuamente num processo contínuo de aprendizagem cultural.

Convém aprender a pensar para lá das "formas" em que fomos metidos desde pequeninos e que no Ocidente (e não só,claro) têm a forma de uma palas, como as orelhas dos burros, que (de)limitam o universo dos possíveis da nossa imaginação.

Contudo, já sabem...se o vizinho do lado for das ilhas Marquesas...garantam que ele está bem alimentado.

abraços

João Martins

5 comentários:

  1. João,

    Acho que devemos estar sempre abertos a novas pessoas e sobretudo aos novos modos de estar em sociedade!

    Não podemos ser de horizontes limitados e devemos dar o beneficio da duvida antes de julgar alguem!

    Contudo, existem sempre factos e acontecimentos que nos levam a "rotular" determinadas raças ou nacionalidades!

    Os votos de um BOM FDS!

    Bjks da Matilde

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  2. Eu como também estou deslocado do local aonde nasci, mesmo sendo no mesmo país, confesso que gostei de chegar ao Algarve e ser bem recebido, por isso faço o mesmo para com os cidadãos que vem de outros países.

    Um Boa Semana e Abraços para si e para a sua família,

    Pedro Gonçalves.

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  3. Acho que se deve respeitar toda a gente pelas suas diferenças e tudo mais.

    É pá, mas isso de partilharem a mesma mulher para vários homens, tudo como uma família, não obrigado.

    Se eu souber de algum aqui próximo, não o convido para vir comer a minha casa. Na volta comia-me a mulher e a seguir fazia-se parte integrante da minha família.

    Mais uma vez, não obrigado..

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