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segunda-feira, maio 01, 2006

Problemas da cidade de Loulé 19: Nuclear, não obrigado

A crise actual em torno do preço do petróleo devido aos disparates de George W. Bush e da administração Norte-Americana com as ameaças ao Irão, tem servido de pretexto para um poderoso lobbie económico forçar a entrada de centrais nucleares em Portugal.
É do conhecimento geral que o petróleo sendo uma fonte de energia não-renovável estará esgotado dentro dos próximos 50 anos.

É também do conhecimento geral que a implementação, funcionamento, manutenção e desmantelamento das centrais nucleares acarretam custos económicos, financeiros, sociais e ambientais que só uma forma de organização do trabalho de excelência pode evitar os riscos e perigos de desastre económico, ambiental e social.

O acidente de Chernobill na Ucrânia fez 20 anos na semana passada.
Da cidade só restaram os fantasmas e alguns velhos regressados ao seu chão natal, de cuja separação sentem que faria mais mal à sua existência social e pessoal do que qualquer morte lenta de médio e longo prazo por contaminação ambiental.

Chernobill deixou milhares de mortos, níveis elevadíssimos de radioactividade espalhados por várias partes do globo terrestre e milhares de pessoas marcadas por doenças associadas à libertação das radiações.

Os Espanhóis aqui ao nosso lado, começaram hoje a desmantelar a primeira das suas nove centrais nucleares prevendo fechar as outras oito nas próximas duas décadas.

Os nossos governantes porque, como sempre, acham que estamos "atrasados" nas questões do nuclear e porque a alta do preço do petróleo pressiona ainda mais o maldito "problema do défice nacional", começam a deixar-se namorar e a ser seduzidos pelos abutres económicos do negócio nuclear.

Mais uma vez a falta de cultura ambiental dos nosssos governantes pode vir a fazer com que a lógica meramente economicista possa vir a prevalecer.

Pela minha parte caros amigos, nuclear não obrigado!

Por muito que me argumentem com a o elevado nível de desenvolvimento técnico e com a sofisticação das novas centrais depois de Chernobill, aquilo de que tenho a certeza é que na maior parte dos acidentes de carácter técnico, são "erros humanos" que estão por detrás dos mesmos e esses são bem mais difíceis de controlar.

Porque não investir seriamente nas energias ditas "alternativas"? Porque não apostar em força na energia solar ?

No Algarve só mesmo a ignorância e a miopia ambiental permitem não apostar no belo sol com que os deuses nos permiaram.

Não teriam o governo central e as autarquias um papel fundamental para esta revolução cultural?

Poderia ser que assim a moda das Agendas 21 nas estratégias das autarquias não ficasse pelo mero ambientalismo prescrito e que passássemos a cuidar daquilo que mais precioso temos à nossa volta e que a mãe natureza nos deu.

A propósito, alguma mente iluminada da autarquia Louletana mandou cortar as árvores em frente ao Mercado Municipal de Loulé. Será ignorância política ou crime ambiental?

É que a lógica que leva a semear cimento e alcatrão nas nossas cidades destruindo arvores com largos anos de vida é a mesma que adere cegamente ao petróleo na costa algarvia e à paixão pelo nuclear.

Para quando o ambiente a incorporar a centralidade das políticas públicas nacionais e municipais?

Abraços e bom 1º de Maio. Comemorem bem o dia e já agora...reflitam sobre o significado histórico desta data, pois sem memória não há história que resista.

Abraços

João Martins

2 comentários:

  1. João eu ainda tinha algumas dúvidas acerca da questão da energia nuclear, mas depois de ler o seu post fiquei com a certeza que mais vale não arriscar.
    Passe em http://www.million-against-nuclear.net/ e assine a petição contra a energia nuclear que eu vou fazer o mesmo.

    Um Abraço,

    Pedro Gonçalves.

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