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sábado, fevereiro 18, 2006

Problemas da cidade de Loulé 8: Existem horas melhores do que outras para levar a cultura à população de Loulé?

Hoje decidi falar-vos de cultura e do horário de funcionamento da biblioteca de Loulé.

Começo por reconhecer que a oferta cultural da cidade de Loulé teve progressos inequívocos na última década e meia.

Não que a considere suficiente para o desenvolvimento social e cultural da população Louletana, muito longe disso, mas reconheço que comparando o antes com o depois, numa perspectiva longitudinal, as melhorias são reais.

O mesmo já não posso dizer se a comparação tiver um carácter sincrónico, pois através deste método de comparação, as assimetrias culturais no acesso à cultura são evidentes, estando a provincia a anos luz da oferta cultural das grandes metrópoles do país.

As assimetrias sociais revelam também aqui as suas marcas e viver numa cidade como Loulé ou viver na capital do nosso país evidencia uma clara desigualdade social no acesso aos bens culturais e portanto na possibilidade de nos desenvolvermos como pessoas.

Disto isto, não posso deixar de felicitar os mentores da criação da Biblioteca Municipal de Loulé, pois é daqueles bens públicos cujos efeitos são decisivos no desenvolvimento económico, social e cultural de uma população, mas cujos efeitos sociais são de médio e longo prazo (e portanto não se traduzem em votos)e por isso são alvo de fraca aposta política.

A biblioteca já entrou no imáginário de uma parte da população (pelo menos aquela que é portadora de maior capital cultural) mas ainda funciona a meio gás em minha opinião.

O que penso que poderia ser feito para elevar os hábitos de leitura da população louletana através da bibloteca?

Um aspecto importante tem que ver com o horário de funcionamento da biblioteca. Se o horário de funcionamento for o mesmo que o horário de trabalho da maioria da população trabalhadora será possível atrair novos leitores?
Com certeza que não!
É ao fim de semana que as pessoas têm mais tempo para se dedicarem às coisas da cultura e é nesse período de tempo que as acções estratégicas deveriam ser elaboradas com o objectivo de captar novos públicos.

A biblioteca Municipal de Beja é um excelente exemplo de como foi possível democratizar o acesso aos bens culturais, cultivando o gosto pela leitura em públicos até então pouco habituados à mesma.
Quem passe em Beja ao Sabado à tarde terá o prazer de observar crinaças, jovens, adultos e idosos dos mais variados estratos sociais a fazerem fila à porta da biblioteca à espera que a mesma abra as portas.

O gosto cultural é algo que não é inato e que nasce com os indivíduos. É algo que tem que ser cultivado e em que a oferta cultural existente é crucial para que a procura cultural se desenvolva.
Se ao fim de semana só os bares e as discotecas abrirem em Loulé, será essa a procura cultural das nossas crianças e jovens...com todas as consequências previsíveis...

Parabéns para quem criou o projecto da Bibioteca Municipoal de Loulé...mas a infra-estrutura por si é um elemento inerte.
É necessário potencializá-la e criar dinâmicas onde elas ainda não existem...dá menos votos que a contrução de estádios de futebol ou de rotundas... mas contribui decisivamente para o enriquecimento social e cultural da população louletana.

Abraços a todo o pessoal.

João Martins

3 comentários:

  1. Eu por acaso ainda não foi à Biblioteca Municipal de Loulé, mas sou um assíduo leitor, e visto que tenho posses para adquirir Livros estou mais predisposto a compré-los.

    Na minha terra, Ponte da Barca, a Biblioteca não estava aberta ao fim de semana, mas à semana abria à noite, a horas que dava para passar lá, e ainda podiamos requisitar os livros para levar para casa, o que era bastante bom porque nessa altura já tinha o gosto pela leitura e não tinha posses para adquirir os livros.

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  2. O que aqui escreveste neste post, reflete na íntegra o que eu realmente penso sobre o assunto. Não lhe tirava nem acrescentava mais nenhuma palavra. É isso mesmo. Sinto na pele a questão do horário ser tão inflexível para a maioria das pessoas, principalmente a classe trabalhadora. O facto de já termos biblioteca e com boas condições, é de louvar, mas se eles ao menos abrissem um sábado de manhã? Seria pedir muito? Será que a entidade gestora da biblioteca não podia chegar a uma concenso, no que respeita a uma melhor ditribuição dos quadros do pessoal pelos diferentes dias da semana? Aposto que há momentos durante os dias da semana no horário laboral em que a afluência das pessoal é quase não práticamente nula.

    Será que isto acontece por falta de dinheiro, má gestão ou comodismo em alterar a situação?
    Fica a pergunta no ar, quem sabe, se alguém responsável ou conhecedor da situação, não vê este blog, lê este post e nos possa esclarecer.

    Fiquem bem...

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