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sábado, fevereiro 04, 2006

Problemas da Cidade de Loulé 6: Sobre a democracia e a ausência da mesma na vida das empresas

Revisitando a Experiência de Hawthorne que celebrizou Elton Mayo e deu início à Escola das Relações Humanas, encontro lá alguns dos pressupostos base da vida nas organizações, que não sendo receitas a aplicar "tout cour", deveriam ser elementos de reflexão de qualquer empresário digno desse nome.

1. O pressuposto que o ser humano não se seduz por motivações de carácter meramente económico e tem necessidade de ser reconhecido e apreciado socialmente por aquilo que faz e realiza no seu trabalho diário.

2. O pressuposto que o ser humano não é uma mera máquina adaptada ao sistema produtivo e necessita da vida de grupo e do sentimento de troca e de prazer das relações espontâneas e informais que se estabelecem entre colegas.

3. O pressuposto que o ser humano estará melhor integrado se participar de corpo inteiro na missão e nos objectivos da organização.

4. O pressuposto que a liderança democrática proporcionará um maior nível de satisfação (atenção que falo de satisfação e não de produtividade) no trabalho e no clima social das empresas.

5. Enfim, que se se conciliar os objectivos das organizações com os objectivos dos individuos (quando tal for possível claro) isso seria benéfico para a vida dos indivíduos e das empresas onde os mesmos trabalham.

Estes pressupostos infelizmente (com algumas raras excepções) são completamente ignorados pela "Gestão de Recursos Humanos" da maioria dos empresários da nossa praça.

Alguns amigos e conhecidos contam-me histórias do arco da velha.
Desde o medo de falar com os superiores hierárquicos temendo reprimendas, à desvalorização total de quem se dedica de corpo e alma á sua profissão (desvalorização mais frequente nas mulheres que nos homens diga-se de passagem), até a colegas que vão chorar nas casas de banho para esconder as lágrimas depois de enxovalhadas na sua dignidade pessoal e profissional pelos "patrões"...e poderia continuar estórias deste género até ao infinito...

Estes são sinais de pré-modernidade e de um tecido produtivo ainda "enquistado" e a funcionar à velha maneira portuguesa.

Presto a minha homenagem a todos os colaboradores de empresas que sofrem com estes comportamentos "bárbaros" e fico com a esperança para que as práticas de recursos (não confundir com a habitual gestão de pessoal) se institucionalizem o mais rapidamente possível também na nossa paróquia.

Para que tenhamos empresas mais produtivas e para que diminua o risco de doenças psicológicas nos colaboradores.

Em prole de pessoas e empresas mais felizes e da extensão da democracia à vida das empresas.

Bj e abraços para todos.

3 comentários:

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