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domingo, junho 03, 2018

Medo

Exmo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Loulé
Dr. Vítor Aleixo
 
Loulé, 2 de Junho de 2018

Escreveu Sá de Miranda num célebre soneto de há alguns séculos atrás “m’espanto às vezes, outras m’avergonho”. E eu partindo das palavras deste célebre poeta e dramaturgo escrevo-lhe para lhe transmitir o meu espanto e o meu profundo desagrado com a forma como a Câmara Municipal de Loulé organizou a visita do Senhor Prímeiro-Ministro ao Parque Municipal de Loulé, às escondidas, no maior secretismo, sem informar a população do Concelho de Loulé do que se iria passar no dia 1 de Junho de 2018 nesta cidade. Esta seria a gravidade menor se não fosse estarmos perante uma poderosa campanha de propaganda do Partido Socialista e do Governo do seu partido que sem o mínimo do pudor usou os nossos filhos e as nossas crianças para os seus objectivos de propaganda eleitoral, usou as escolas públicas do Concelho e não informou os pais e encarregados de educação dos propósitos a que os seus educandos se iam prestar. Como se não bastasse, os nossos filhos, crianças e alunos nas escolas de Loulé ainda se tiveram que se sujeitar à bipolaridade do Senhor Primeiro-Ministro António Costa que veio dar um “abraço verde” às arvores do Concelho e ainda tem a lata de reafirmar a sua posição de apoio à prospeção e exploração de petróleo no Algarve. Como vão os professores na escola explicar estas contradições aos nossos filhos e seus alunos? Como pai e encarregado de educação que tendo sido informado pelo Agrupamento de Escolas Padre João Cabanita que o meu filho iria ao Parque Municipal no dia 1 de Junho, venho-lhe perguntar, a si e ao Presidente do respectivo agrupamento de escolas, se a escola e os professores não tinham o dever ético de informar os pais e os encarregados de educação que os seus filhos se iriam prestar aos objectivos eleitorais e propagandísticos do Senhor Primeiro-Ministro de Portugal. Ou seja, a minha pergunta é esta, tinha a escola e a autarquia louletana o dever ético de informar os encarregados de educação da vinda do senhor Primeiro-Ministro ao Parque Municipal de Loulé, sendo que só desta forma, na posse de toda a informação transparente e total, os pais poderiam decidir em consciência dar o seu consentimento informado sem se sentirem enganados, manipulados e defraudados? Ou acha que não tinha que prestar essa informação? Fica a pergunta a que gostaria de ver respondida. Termino com uma nota de elevada preocupação pelo estado a que chegou a democracia local e nacional e confessando um certo medo que se apodera de mim perante a prática à vista de todos de um modo de exercício do poder governativo que parece usar de todos os meios, sem escrúpulos, para atingir os seus objectivos.
 
Os melhores cumprimentos
João Eduardo Martins

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