Sinais preocupantes os que percorrem hoje as ciências sociais e em especial os saberes críticos e incomodativos para os poderes dominantes. A censura ao último número da revista Análise Social, uma das mais conceituadas revistas de ciências sociais da comunidade científica portuguesa está a agitar o campo científico destas áreas científicas. O capitalismo selvagem reinante convive mal com os saberes que o questionam e os censores aparecem em cena. Vale a pena lembrar a minha indignação pela ausência de indignação na academia quando Fernando Ulrick ainda Presidente do Conselho Geral da UALG afirmou publicamente que não percebia como é que havia professores universitários que defendiam a renegociação da dívida portuguesa. Vale a pena recordar a avaliação ao Centro de Investigação do ICS e a ideia veiculada pelos avaliadores externos e ditos "independentes" de que as desigualdades sociais não são uma área prioritária de investigação sociológica ou a proibição de um debate sobre ideologia na Faculdade de Direito de Coimbra entre Rui Tavares e Pedro Mexia em nome da pureza ideológica. Já não falo das múltiplas formas de censura que consistem em habilidosamente definir as áreas de investigação que são dignas de interesse e as que não são e os critérios altamente discutíveis que levam a apostar em determinados objectos em detrimento de outros. A coisa está a ganhar contornos muito explícitos. Os tempos são de alerta. O ar anda altamente contaminado.
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