O negócio da venda e da compra do sexo parece estar em forte expansão.
Numa sociedade cada vez mais polarizada entre cada vez menos "incluídos" e cada vez mais "excluídos", com elevadas desigualdades sociais, como é o caso da sociedade portuguesa, a economia do mundo "subterrâneo" ganha toda a apetência para florescer e em força.
Correio da Manhã, Diário de Notícias e até um jornal de referência como o Público publicitam páginas inteiras de anúncios classificados de venda de sexo e dezenas de anúncios aliciam os consumidores do sexo a comprá-lo:
Vejamos alguns casos em pormenor:
Mulherão. Elegante, atende em botas altas e lingerie, simulação masculina. VIP, 24 horas. tlm. 91234564 Quarteira
Musas. Luciana...Pérola Negra. Um encanto de mulher...sensualidade e discrição. tlm 96784533 Faro
Linda. Jessica Moura. apartamento privado. Leva-te ao paraíso. Albufeira, Completa, alto nível. tlm. 91678435
Inês. Estudante. Loira sensual, convivio de sonho. Loulé. 96781233
Se a oferta se torna visível desta forma, é muito provável que a procura de sexo tenha disparado.
Para além da prostituição de rua, a forma mais estigmatizante, porque mais visível nesta velha profissão, parece aumentar a prostituição em apartamento privado e arriscava-me a dizer que aumenta exponencialmente a prostituição em espaço doméstico, exponenciada pelo recurso à internet e ao sexo virtual.
O "problema" não seria "problema" se não estivessemos perante um grave problema de saúde pública, com riscos de uma autêntica epidemia de doenças sexualmente transmissíveis.
Sabemos hoje, que são as próprias prostitutas que mais querem praticar sexo seguro, e que para se protegerem recorrem frequentemente ao uso do preservativo, mas sabemos também que uma parte muito significativa dos clientes oferece mais dinheiro do que o solicitado para ter relações sexuais desprotegidas.
Sabemos ainda que uma boa parte destes clientes, que pagam mais para ter relações sem preservativo, são casados, e não se protegem, nem às suas mulheres, a quando das relações sexuais na conjugalidade.
Este é um problema que não deve ser discutido apenas no plano moral. Se quisermos reduzir os números do Sida e de outras doenças sexualmente transmíssiveis altamente danosas para a saúde pública, como o caso do cancro do colo do útero, temos que atacar esta questão do negócio do sexo com a vontade política necessária.
E nós por cá, no concelho de Loulé? Temos uma ideia como está o mundo subterrâneo da mais velha profissão do mundo? Se não temos, era bom que procurassemos ter. Porque os números do SIDA no Algarve não são nada animadores. Atacar este problema com a necessária energia política era bom para quem compra, para quem vende, e para todos aqueles que sofrem as consequências do negócio do sexo.
Passará a resolução de parte destes problemas pela legalização da prostituição? O debate parece merecer a pena.
Será isto tema de campanha eleitoral autárquica? Não me parece...
Não dá votos, e os moralismos vigentes "preferem" que os problemas de saúde pública ligados à sexualidade desprotegida na prostituição não ganhem contornos de "problema social".
Mesmo quando os políticos sabem de medicina...
Abraços protegidos com bons usos do preservativo.
João; é bem difícil ir além da banalidade comentando este tópico... fazer doutrina nesta matéria exige estudo sociológico e suficientes estudos de caso geograficamente localizados para poderem fornecer uma amostra do país que somos! Quero acreditar, mas não estou certo, do real contributo da Escola na adopção de métodos de sexo seguro. Gostaria de deplurar os hábitos marialvas que ainda marcam as nossas gentes e queria também fazer a apologia do sexo como prática indispensável a uma vida harmoniosa, física e emocionalmente considerada. Defender os méritosdo sexo na saúde dos cidadãos seria a resposta adequada à presente psicose que existe (julgo eu) em torno deste acto natural como respirar...
ResponderEliminarConcordo que deve ser condenada(criminalizada mesmo) a irresponsabilidade em torno desta prática humana, dos mitos e barbaridades contra o "eu" do parceiro, com a desculpa do ímpeto do momento ou a reserva da intimidade (guarda do segredo egoísta) ou a defesa da aparente harmonia quando já só reinam ódio e violência (mesmo que esta seja apenas a submissão de um). Saúde pública e saúde mental a par da saúde reprodutiva deverão ser áreas dos Médicos de Família, sem compartmentações ou consultas de especialidade. Apenas alguns exemplos do tipo de reflexões que este tópico pode abrir e como entenderá: comentários maiores que os teus posts!
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António Almeida