O Império da Vergonha é o título da última obra do sociólogo suiço Jean Ziegler.
De leitura obrigatória para todos aqueles que querem comprender os mecanismos que produzem as profundas desigualdades sociais que se acentuam nas últimas décadas à escala planetária.
Para Ziegler assistimos hoje a um formidável movimento de refeudalização do mundo. A escassez organizada pelos cosmocratas que colonizam o mundo à escala mundial passa pela gestão da fome e do endividamento, numa época em que a produção mundial permitiria acabar com a fome da maioria da população que habita o globo terrestre.
Diz-nos Ziegler:
"Os donos do império da vergonha organizam conscientemente a escassez. E esta obedece à lógica da maximização do lucro.
O preço de um bem depende da sua raridade. Quanto mais raro é um bem, mais elevado é o seu preço. A abundância e a gratuitidade são o pesadelo dos cosmocratas, que consagram esforços sobre-humanos a conjurar tal perspectiva. Só a carência garante o lucro. Organizemo-la!
(...) Organizar a carência dos serviços, dos capitais e dos bens é, nestas condições, a actividade prioritária dos donos do império da vergonha. Mas essa carência organizada destrói no planeta, todos os anos, a vida de milhões de homens, de crianças e de mulheres.
Hoje, é possível dizer-se que a miséria atingiu um nível mais pavoroso do que em qualquer outra época da história. É, assim, que mais de 10 milhões de crianças com menos de 5 anos morrem anualmente de subalimentação, de epidemias, de poluição das águas e de insalubridade.
Cinquenta por cento destas mortes ocorrem nos seis países mais pobres do planeta. Quarenta e dois por cento dos países do sul abrigam noventa por cento das vítimas.
Estas crianças não são destruídas por uma falta objectiva de bens, mas por uma destribuição desigual dos mesmos. Logo, por uma falta artificial.
(...) O planeta conta hoje mais de 1,2 milhares de milhões de seres humanos que vegetam numa pobreza extrema, com menos de um dolar por dia, quando 1 por cento dos habitantes mais ricos ganham tanto dinheiro como 57 por cento das pessoas mais pobres da Terra.
Oitocentos e cinquenta milhões de adultos são analfabetos e 325 milhões de crianças em idade escolar não têm nenhuma hipótese de frequentar uma escola.
As doenças curáveis mataram o ano passado 12 milhões de pessoas, essencialmente nos países do Hemisfério Sul.
(...) a dívida externa acumulada de 122 países do Terceiro Mundo elevava-se a 54 mil milhões de dólares. Hoje ultrapassa os 2000 milhares de milhões.
Em 2004, 152 milhões de recém-nascidos não tinham o peso exigido à nascença, estando metade deles condenado a sofrer de uma insuficiência no seu desenvolvimento psicomotor.
A parte no comércio mundial dos 42 países mais pobres do mundo era de 1,7 por cento em 1970. Em 2004 era de 0,6 por cento.
Há quarenta anos, 400 milhões de pessoas sofriam de subalimentação permanente e crónica. Hoje são 842 milhões. (Ziegler, 2007:29-31).
A refeudalização do mundo transforma o mesmo num regresso à barbárie.
O social reduziu-se ao económico e à mercadorização de tudo o que é vida social e os políticos navegam à bolina à procura de perceber em que mundo vivemos nós.
Um paradigma alternativo de "desenvolvimento" é urgente. Reinventar o contrato social é condição fundamental até à sobrevivência da espécie humana.
Cumprimentos sustentáveis para todos os cibernautas.
Não resta qualquer dúvida que se impõe a mudança de paradigma à escala planetária. É intelectualmente incompreensível que a humanidade não consiga viver saudável, feliz e economicamente equilibrada... bastaria atentar ao seu elementar direito ao bom governo e à boa economia. Os esforços da política são dirigidos para a gestão do poder. A economia é demasiadas vezes usada para garantir a dominação política e nunca houve tantos artificiais conflitos que apenas respeitam a economia e os calendários políticos... Urge gritar!!!
ResponderEliminarhttp://sebastiao.blogs.sapo.pt
talvéz seja Possível satisfazer uma pequena Parte das Necessídades do Povo,mais com a
ResponderEliminarMá destribuição dos bens disponíveis isso torna-se impossível