A minha Lista de blogues

segunda-feira, junho 10, 2024

Portugal Fede

22 horas chego à farmácia em Loulé. Tenho uma dor crónica e tenho que tomar Tapentadol duas vezes por dia, há mais de 5 anos. Peço o medicamento com a receita e a farmacêutica diz que não me pode dar o medicamento porque o sistema não aceita por ter ultrapassado o limite de toma permitido por lei. Tenho caixas de 50 medicamentos, como tomo 2 por dia há cinco anos, uma caixa não dá para o mês. Digo-lhe que a lei é absurda e não é o interesse dos doentes que foi considerado mas a poupança de medicamentos e portanto, de dinheiro. O dono da farmácia diz-me que não quer saber nada disso e que está a cumprir regras. A médica passou uma posologia inferior ao que tenho tomado regularmente. Acontece que em função das dores a toma de medicamentos oscila e é isso mesmo que a médica me disse para fazer. Ter em conta a intensidade da dor. Digo-lhe que procurar poupar dinheiro com doentes crónicos é moralmente inaceitável e que a lei que o senhor farmacêutico considera normal para mim e para a minha condição de saúde é absurda. 23 horas da noite saio da Farmácia. Uma luta esgotante para ter acesso a um medicamento essencial ao controlo da minha doença. Eva Paulino da Associação Nacional de Farmácias deveria estar atenta a como esta lei absurda vai prejudicar os doentes crónicos. Vivemos num país a brincar, de salários mínimos e serviços públicos e privados subnutridos que tratam as pessoas como gado. Esta Quinta-Feira, de madrugada, vou de novo a Lisboa, à farmácia do IPO buscar medicamentos essenciais á sobrevivência do meu filho porque a farmácia do IPO decidiu novamente que não distribui os medicamentos aos doentes oncológicos à periferia por falta de recursos humanos e de verbas. Vou fazer 600 kilómetros e gastar uma balúrdio para ir buscar medicamentos do Algarve a Lisboa. Mudou o Governo mas a merda é exatamente a mesma. Portugal fede. Não estou nada arrependido de não ter posto os pés nas urnas este fim-de-semana.

Sem comentários:

Enviar um comentário