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terça-feira, junho 18, 2019

Cada Qual No Seu Lugar

Mais uma excelente intuição do ultraliberal João Miguel Tavares. Para além do divórcio entre os políticos, os partidos e os cidadãos que se manifesta na fronteira entre "nós" e "eles" há esta extraordinária fronteira entre a "boa sociedade" e os "outros" que associada ao nepotismo familiar garantido mata quaisquer possibilidades de haver uma mobilidade social ascendente digna desse nome na sociedade portuguesa. Nunca esquecerei o dia em que fui impedido de entrar no Cineteatro Louletano (com a minha família) nas comemorações dos 40 anos do 25 de Abril por uma tal Dália Paulo, membro de topo do Partido Socialista no Algarve que justificou a sua decisão de barrar a nossa entrada nas comemorações do 25 de Abril (anunciadas como de entrada livre em cartazes gigantes nas ruas e pagos com o dinheiro dos meus impostos) por as pessoas que lá estavam dentro representarem o resto da sociedade e portanto que eu não poderia entrar que aquelas pessoas me representariam. Nesse mesmo dia de Abril pedi o livro de reclamações no Cineteatro Louletano e escrevi em jeito de lembrança que a estrutura social da Idade Média, com a divisão tripartida de poder naturalizada entre nobreza, clero e povo, não fazia sentido em pleno século XXI. Alguns membros da "boa sociedade" algarvia enquanto preenchia o livro de reclamações passavam e olhavam para nós (os ilegítimos) com um certo desdém e até uma certa reprovação moral. No entender da "boa sociedade" do regime local não era legitima a presença da minha familia na assistência às comemorações do 25 de Abril.
 

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