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segunda-feira, setembro 10, 2018

Branquear A Memória Histórica Na Luta Anti-Petróleo Em Portugal

Este post é sobre a memória histórica. Mais concretamente sobre a manipulação da memória histórica da luta anti-petróleo em Portugal. Luís Fazendeiro, da Plataforma Algarve Livre de Petróleo (PALP) escreve um artigo na Edição Portuguesa do Le Monde Diplomatique deste mês de Setembro intítulado "A luta contra a exploração de gás e de petróleo em Portugal" e situa aquilo por que designa "Ano zero da luta" o ano de 2015 quando foi criada a PALP. Apesar de reconhecer "anteriormente já haver vários movimentos a manifestar-se contra os hidrocarbonetos" de uma assentada apaga o meritório trabalho do MALP, da ASMAA e as importantes denúncias iniciais de Mendes Bota da História desvalorizando-as como coisa de menor importância. Luís Fazendeiro da PALP com um apagão histórico em forma de auto-elogio, transformou a sua história e a história da PALP na história da luta social anti-petróleo em Portugal. A manipulação da história para benefícios próprios é típica de regimes ditatoriais de esquerda como a Coreia do Norte ou ainda de regimes fascistas de direita como no Portugal de Salazar. Em democracia seria de esperar que a verdade histórica não fosse apagada com esta facilidade mas vamos dar um desconto pois Luís Fazendeiro é doutorado em Química e não propriamente doutorado em história dos movimentos sociais e ambientais. De uma assentada as importantes denúncias de Mendes Bota, as petições, acções de rua e de sensibilização das populações, denúncias públicas nos jornais nacionais, (etc, etc, etc) do MALP e a acção de Laurinda Seabra da ASMMA foram enterradas num apêndice da História. Três anos de luta (2012-2015) enterrados no bau de Luís Fazendeiro da PALP. É óbvio que a criação da PALP (saberá Luís Fazendeiro que a designação Plataforma Algarve Livre de Petróleo foi uma criação que resultou de uma proposta do MALP na reunião que deu origem à PALP?) introduziu uma mudança qualitativa importante na luta, pelas agremiações que à volta de si conseguiu juntar e a luta a partir de 2015 passou a ser muito mais forte. Mas o MALP não poderia deixar de deixar neste post de denúncia da tentativa de monopolização da memória histórica da luta ambiental anti-petróleo em Portugal de realçar o papel de todos aqueles que no Algarve e no Alentejo têm tido um papel decisivo nesta luta´apesar de nem sempre estar de acordo com as suas dinâmicas de luta e de muitas vezes os ter criticado. Tavira em Transição, Stop Petróleo Vila do Bispo, ASMAA, MALP, Fracking Aljezur, PALP, ALA, FALA, Tâmera, etc, etc, etc, têm tido uma importância decisiva não se podendo de maneira nenhuma reduzir os resultados desta luta ao meritório trabalho da PALP. Outra ideia feita nos últimos tempos é também preciso desfazer. As acções em tribunal da PALP foram de uma importância fundamental para travar temporariamente o furo de petróleo de Aljezur mas é bom que a lucidez dos acontecimentos não se perca porque todos os contratos de petróleo que foram cancelados até ao momento em Portugal (metade do Algarve em terra, Peniche, Algarve no mar, etc) nenhum destes contratos foi travado por interferência de um qualquer tribunal. Foi a luta popular determinada nas ruas, nas redes sociais e em toda a sua alargada capacidade de acção que impediu as petrolíferas de escavacarem o território nacional. Branquear a memória histórica pode dar muitos louros a alguns que se querem apropriar do reconhecimento do trabalho de todos. Mas não ajuda em nada a luta contra a exploração de petróleo em Portugal.

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