1. O Bloco de Esquerda ocupou o Calçadão de Quarteira, espaço deixado livre pelo PSD que com medo da rua levou o Pontal para o AquaShow. Quem pensava que o movimento ocupa não chegava à vida partidária está muito enganado.
2. Depois de ouvir Ana Drago a fazer o diagnóstico mais lúcido sobre a situação portuguesa, assisti in vivo a um dos últimos discursos do mais consistente líder partidário da actualidade. Tanta consistência política para um povo tão pouco esclarecido politicamente explica o divórcio do eleitorado com o Bloco de Esquerda. Ser do Bloco é hoje um estigma mas isso deve-se mais á ignorância política do povo português do que à consistência de Louçã.
3. Depois de Louçã e Drago terem dito tudo aquilo que repito em casa todos os dias reforçando a minha convicção que mais importante que o emissor e a mensagem é a estrutura de recepção da mensagem pelo receptor, fui passear pelo Calçadão de Quarteira. As duas primeiras conversas que incautamente assisti diziam respeito à arbitragem do Benfica-Braga. A terceira foi a de uma jovem rapariga com perto dos seus vinte anos. Dizia ela na Feira do Livro de Quarteira que o único livro que leu até ao fim foi, imaginem lá, o código da estrada.
4. Sai do comício a pensar que se não tenho dúvidas de que a solução para o país só pode vir da união da esquerda, seja lá isso o que fôr, a actuação dos partidos políticos não chega. Só a rua e os movimentos sociais podem produzir o salto necessário à mudança Pós-Troika. Ana Drago está cheia de razão, só a luta cara a cara pode mudar a relação de forças favorável à direita radical. É em cada casa. Em casa rua. Em cada bairro. Em cada aldeia, vila e cidade, que as coisas podem mudar. E mudar é recusar a doença austeritária e mandar emigrar a canalha ultraliberal. Sem dó, nem piedade, porque os valores mais básicos da dignidade humana já foram mais que violados.
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