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sábado, outubro 27, 2007

É a blogoesfera estupido!

A internet transformou por completo as sociedades contemporâneas.

Na era da sociedade em rede, a economia, a cultura, a educação, o ambiente, o trabalho, a família, as relações sociais em geral e a política, nunca mais serão as mesmas.

É da política que vos quero falar e da relação entre os cidadãos e os poderes instítuidos.

Numa era em que a democracia representativa entrou em grave crise de legitimidade devido ao fosso crescente entre os interesses dos cidadãos e dos poderes que eram suposto representarem os mesmos e face ao progressivo encolhimento da res pública democrática, a blogosfera pode ser uma lufada de ar fresco na discussão das coisas da vida da polis.

A discussão da vida da coisa pública deixou de ter lugar apenas nos espaços de monopolização da representação política legitíma e institucionalizada e saltou novamente para o espaço público.

Já o tinha escrito aqui em post anterior, a blogoesfera é um instrumento de emancipação social fantástico porque alimenta de novo a discussão sobre a vida da cidade.

Nos últimos meses, vários têm sido os blogues que têm sido críticados por políticos nacionais e locais, normalmente com pouca sustentação nas suas queixas e reveladores de uma cultura "democrática" a necessitar de ser democratizada.

Depois de décadas em que o poder da palavra e da acção foi sendo progressivamente retirado aos cidadãos (fenómeno que se dá alguns anos após a reconquista do espaço público na sequência do 25 de Abril de 1974), a blogosfera assinala uma época de transformação democrática revolucionária.

Não há volta a dar a este fenómeno, ele veio para ficar. Os poderes políticos não estão habituados a lidar com a crítica democrática na sua expressão mais livre. Os que não se adaptarem serão trucidados por este fenómeno.

Era importante que as novas tecnologias deste admirável mundo novo fossem postas ao serviço da democracia para bem dos governantes e dos governados. E não estou a falar de certeza do e-governement tal como o actual paradigma governativo o encara numa mera lógica de "informação" aos cidadãos.

É da necessidade de democratizar a democracia aquilo a que certamente me refiro, mas essa é uma luta cuja história muito provavelmente não tem fim.

Ps: Era importante que se regula-se aquilo que se pode dizer ou não sob as costas quentes do anonimato na blogosfera, mas isso não é uma questão de censura...é uma questão de aplicação das leis do Estado de Direito democrático, para bem de todos e da própria liberdade de expressão tão duramente conquistada. E a bem da protecção da imagem e dignidade dos cidadãos em geral.

Bom fim de semana e um abraço para o pessoal da blogosfera.

2 comentários:

  1. João,

    não sou da sua cidade, mas, como gostei do seu post, vou comentá-lo.

    Primeiramente, há um fenômeno trazido pela internet, nomeado por, entre outros, Pierre Lévy, que é a desterritorialização. Prova dele é este meu post mesmo. A tendência é que, com a internet, as fronteiras do território sejam ultrapassadas.

    Assim, a regulamentação do que pode e não pode ser dito na net não é possível nos termos em que hoje é feita pelo poder legiferante vigente, haja vista as tentativas de controle sempre frustradas na China de hoje, por exemplo.

    Quanto à crise da democracia representativa, penso que a tendência é, realmente, a de uma maior participação do povo na vida da pólis por todos os meios, não só da blogosfera: há nesse sentido, por exemplo, a emulação de ágoras em wikis, como as iniciativas levadas a termo pela Wikia, mesma fundação responsável pela tão decantada Wikipedia.

    Assim, se o homem permitir que a sua própria raça siga caminho, o poder será atomizado no cidadão e caminhará na direção da sua abolição como ele é hoje exercido. Parecerá, ou mesmo será, com uma anarquia. Uma vez que considero a democracia direta de fato sinônimo de anarquia. O poder partilhado por todos não mais será hierarquizado e vertical, mas distribuído e horizontal.

    Nesse cenário, as regras não seriam ditadas por Estados, mas pelos próprios membros de uma dada comunidade e em comum acordo, negociação.

    O que você pensa disso?

    Saudações cariocas.

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  2. Responsabilidade de comunicar ou emergência de fazê-lo é,de facto o que acontece a muitos dos que na Net comunicam como forma de permuta para um acervo global cujas fronteiras são tão amplas como o próprio Planeta.
    A Liberdade de expressão, neste novo meio assume o grande significado de, no meio da diversidade, estabelecer conexões e afinidades sobre questões muito concretas. O emissor e receptor interagindo valorizam-se reciprocamente e promovem cultura. É de facto, um novo tipo de cultura que se formaliza na Net, apesar das barreiras linguísticas existentes encontram-se sempre interesses comuns.
    A política não poderia ficar ausente neste novo espaço de comunicação e encontro, que desde cedo os próprios profissionais da política começaram a usar como meio de doutrinação. Todos os meios ao serem apossados pela Plebe são alvo de detracção dos poderes ancestralmente instalados e das inquisições de todoas as épocas. Não existindo verdadeiro anonimato na Net, nem noutro qualquer meio, nesta todos deixamos "rasto", não fora de resto, apanágio de todo o comunicador,deixá-lo! Opto por nunca ser anónimo e estou consciente do risco e sinto a vertigem dessa aberta exposição às censuras, mais ou menos torcionárias como o consolo de que assim vou deixando testemunho e criando amigos. De entre os muitos amigos,avultas TU, a ti agradeço as palavras que acalmam quando a fúria corrói, mesmo quando a agressão surge manchando o alvo papel...!
    Aceita a gratidão deste "Sr. estúpido que escreve num Blog"!

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