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sexta-feira, abril 07, 2006

Problemas da cidade de Loulé 15: O calor está a chegar e a época dos incêndios também

Desde que se deu no Algarve a maravilhosa "invenção social" do turismo que temos a já famosa "época balnear".
Com a crescente desertificação e despovoamento do interior do país e da nossa região descobrimos a "época dos incêndios".

A vaga de incendios que têm varrido o nosso país nos últimos verões têm induzido a pensar que se trata de uma "inevitabilidade" da mãe natureza.

Os próprios meios de comunicação social centram as suas coberturas mediáticas nas "espectaculares" imagens dos incêndios e na luta inglória do combate aos mesmos.

Fazendo isto mais uma vez os mass media distraem os cidadãos das questões centrais na discussão do problema dos incendios.

Ora aqui recordo alguns aspectos importantes, para que não se caia no erro de "naturalizar" a ideia que os incendios são uma "ira dos deuses", ou mesmo o resultado "irremediável" das vagas de calor.

E aqui, mais uma vez, não podemos ignorar as responsabilidades da inacção do poder político ao não tentar contrairar um modelo de desenvolvimento económico e social que agravou progressivamente as assimetrias sociais, contribuiu para a crescente litoralização do país (o país está a cair para o mar), a progressiva urbanização e o abandono total das regiões e povoações do interior.

Como resultado o território ganhou enormes desiquilibrios, os campos ficaram desabitados, as florestas e as matas sem gente para cuidar das mesmas e em vastas zonas do nosso país, nada restou a não ser enormes eucaliptais (verdadeiros "seca-vidas" verdade seja dita)acelerando-se assim a geral desertificação do nosso país assim como da região do Algarve.

O debate sobre o "problema" dos incêndios têm-se centrado de forma "miope" no combate aos mesmos e nos meios materiais e humanos mais ou menos escassos que haveriam ou não ao dispor dos bombeiros.

Todos sabemos que o combate aos incêndios é importante mas aquilo que verdadeiramente poderia mudar alguma coisa é mesmo a PREVENÇÃO.

E quanto à prevenção o que têm feito os nossos políticos?

Nada ou muito pouco.

As matas têm sido limpas? Muito pouco. A maioria dos proprietários não tem dinheiro, nem apoios para tal.

Existe uma política de desenvolvimento das populações e localidades do interior?
Muito pouco ou nada tem sido feito.

Pelo contrário, alguns bens e serviços que poderiam manter a fraca população que ainda vai existindo nas aldeias estão a ser "extintos" por motivos de "racionalidade" económica.

Sócrates anunciou o fecho de escolas, de centros de saúde, e de outros serviços em que o número de habitantes não justifica a sua continuidade (do ponto de vista meramente económico claro).

Foram contratados guardas-florestais para vigiar, limpar e cuidar das florestas?
Não me parece que o "défice" o permita.

Sintetizando, apostamos em atacar as "consequências" e negligênciamos completamente as "causas".

Enfim, espero que minha previsão esteja errada e que o resto que sobra das paradisíacas serras de Monchique e do Caldeirão (verdadeiros pulmões da nossa região)não tenha o mesmo destino que nos últimos anos.

E que os poderes políticos depois não retirem ainda vantagens políticas das campanhas de solidariedade de "bom coração", com estas desgraças para as quais contribuem...mesmo que seja por inacção.

Porque por vezes, mais importante do que aquilo que se faz, é aquilo que não se faz, e que deveria ter sido feito...

Boa Pascoa e abraços para todos os algarvios.

João Martins

3 comentários:

  1. Os incêndios não são só um problema de falta de meios, como tu bem o dizes, agora fazer compreender isso aos nossos políticos e a quem de direito é que é mais complicado.

    Um Abraço,

    Pedro Gonçalves.

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