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domingo, março 19, 2006

Problemas da cidade de Loulé 12: Sobre os cidadãos invisiveis e ausentes da vida social

Existem algumas categorias de "cidadãos" que são invisíveis no espaço social.

São invisibilisados pela sociedade, rotulados de "anormais", estigmatizados e não poucas vezes segregados dos principais espaços de acesso à cidadania e de uma vida social minimamente condigna. Este é o caso das pessoas com os mais variados tipos de deficiência.

São cidadãos apenas diferentes e com diferentes necessidades sociais, mas a quem são muitas vezes negados os direitos sociais elementares, tais como o acesso à educação e à aprendizagem ao longo da vida, ao trabalho, à eliminação das barreiras físicas e sociais, que permitiriam o desenvolvimento das suas capacidades na sua plenitude.

As políticas estatais de apoio às populações deficientes não têm caminhado no sentido da igualização de oportunidades sociais desta categoria de cidadãos.

Também aqui, como noutras dimensões da nossa vida social, a prática legislativa é muito mais avançada do que as práticas sociais.

Se a legislação em Portugal prima por traços de modernidade Europeia, já ao nível das praticas de apoio às populações deficientes, estamos a anos luz das necessidades sociais existentes.

Mais uma vez aqui é preciso responsabilizar não só todos nós cidadãos, mas também o poder político quer a nível central, quer regional, quer local.

Sejamos sinceros, as políticas de apoio à deficiência têm sido um fiasco total e as populações deficientes não têm sido objecto de prioridades por parte do diferentes governos que têm passado pelo poder no nosso país.

Os deficiêntes têm estado entregues a si próprios e têm sido algumas associações comunitárias que têm tido um papel fundamental no "remediar" (sejamos objectivos, chamemos-lhe assim) da qualidade de vida desta categoria de cidadãos.

Quanto à educação escolar, o Estado a determinada altura diminuiu o apoio às instituições especializadas e apostou ("discursivamente") na integração dos estudantes com necessidades especiais, nas estruturas educativas do ensino regular.

O problema é que não preparou as infraestruturas existentes, materiais e humanas, para que essa integração tivesse sucesso.

Agrava esta situação a pressão social neoliberal para a retirada do Estado na intervenção do social e a "ditadura" política da governação em função do "déficit".

A economização e mercadorização da vida social penaliza claramente a população mais desfavorecida socialmente e a população deficiente em geral fica ainda mais penalizada na sua existência social.

Felizmente existem alguns exemplos brilhantes de intervenção social por este tipo de causas que não resolvendo o problema de fundo, muito pelo contrário, fazem um trabalho notável no atendimento e na melhoria de condições de vida dos individuos portadores de deficiência e das suas famílias.

Em Loulé, uma dessas instituições designa-se de UNIR e trabalha no apoio aos cidadãos com deficiência mental.

Funciona com a corda na garganta, mas faz um trabalho social notável...parabéns para os seus responsáveis...que são verdadeiros heróis incógnitos, muitas vezes, da vida da nossa polis.

Deixo aqui um apelo para que sempre que puderem ajudem este tipo de associações...das maneiras que acharem pertinentes...todos os contributos serão poucos...

Em prole de uma democracia que proporcione uma verdadeira igualdade de oportunidades para todos os seus cidadãos e que não descrimine aqueles que são apenas diferentes das pessoas que consideramos normais.

A propósito...estou gordíssimo...peso quase 100 quilos...tenho 1 metro e setenta...e não tenho dois dentes molares.

Serei "normal"?

Um abraço e boa semana e não se esqueçam...sempre que puderem ajudem que eu vou fazer o mesmo.

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