Em véspera de eleições legislativas o atual Governo de direita demissionário tomou uma boa medida para o Ensino Superior, desbloqueou a progressão na carreira dos docentes do Ensino Superior. Infelizmente para mim, a medida não me beneficia em nada porque o reitor das cotas na UALG, com a introdução das cotas na avaliação de desempenho, fez com que eu fosse desclassificado administrativa e burocraticamente, no triénio anterior, de excelente para relevante, sendo-me retirados 3 pontos dos 9 possíveis na totalidade para os três anos, sem saber ler nem escrever. Isto quando tinha atingido 100% em todas dimensões em avaliação. A introdução de cotas na Universidade do Algarve é bem o exemplo de uma péssima gestão de recursos humanos que não reconhece o trabalho dos docentes. O meu caso é ilustrativo e paradigmático, obtendo excelente, sou desclassificado para relevante, o que em termos de reconhecimento da instituição pelo meu trabalho é uma verdadeira humilhação. Nada podia fazer mais para desmotivar um trabalhador. Para além disso, a introdução das cotas é também um reflexo de uma governação neoliberal da Universidade que através do New Public Management quer resolver o problema do subfinanciamento estatal do Ensino Superior à custa do corte na progressão na carreira dos seus trabalhadores. Bela maneira de fazer sobreviver uma universidade. Já a pressão política sobre os Governos que subfinanciam a instituição, de pouco se viu fazer, sabe-se lá porquê. Para além de uma gestão da universidade à custa do esforço dos trabalhadores e do seu não reconhecimento, há uma hipótese conspirativa que não poderia deixar de fazer, não gostando nem um pouco de teorias da conspiração. Se a maior parte das Universidades portuguesas não têm uma avaliação docente por quotas, porque razão a UALG avançou para as cotas na avaliação? Houve interesses políticos externos à universidade a querer utilizar a instituição como cavalo de Tróia para introduzir a avaliação por cotas no Ensino Superior, começando pelo Algarve para a irradiar pelas outras instituições? Se não foi isso, não viram os gestores máximos da UALG que os seus trabalhadores docentes iam ficar em desvantagem sobre as outras universidades do país? Quem me vai restituir os três anos (seis anos de facto) que me foram jogados para o lixo na minha vida profissional? É possível brincar assim com a vida de trabalho dos outros? A quem serviu a introdução de cotas no sistema de avaliação docente na Universidade do Algarve?
https://observador.pt/2025/03/26/governo-desbloqueia-progressao-de-professores-do-ensino-superior-2/