53 anos, desde aquela madrugada que a minha mãe esperava, o dia inicial inteiro e limpo, dia 15 de Abril de 1970. Nascido em ditadura sem ter consciência disso. Com uma infância e uma juventude muito feliz no alvorar da democracia. Uma transição para a idade adulta marcada pela utopia da integração europeia e pelas consequências da queda do muro de Berlim. Chegado ao novo milénio a passar por uma crise económica e financeira, com uma invasão da Troika avassaladora. A atravessar uma pandemia global, passando pelos pingos da chuva sem apanhar Covid-19. Agora a aturar uma guerra sem sentido com a Rússia a invadir o Estado soberano da Ucrânia e uma inflação que agrava de forma devastadora o custo de vida. Já vi jogar o Chalana, o Futre, o Carlos Manuel, o Paco Fortes. o Figo, o Cristiano Ronaldo, o Bernardo Silva, o Jordão, o Fernando Gomes, o Manuel Fernandes e o Manuel Bento. Vi na televisão o melhor de todos os tempos, Diego Armando Maradona e o Brasil de Falcão, Sócrates, Zico, que sem ganhar o Mundial, em Espanha, elevaram o futebol ao estatuto de arte. Joguei numa final do Jamor no agora Torneio Lopes da Silva. Marquei homem a homem, o Karl-Heinz Rummenigge. Joguei no São Mansos da distrital de Évora (ofereço um chupa-chupa se alguém souber onde fica). Sou, desde o berço, do Benfica. Fui a Roma e não vi o Papa. Estive na Capela Sistina e não vi sair fumo branco. Mergulhei na praia de Quarteira e vi o Guernica do Picasso. Comi sardinhas no Forte Novo e ouvi os fados da Marisa. Bebi litros de cerveja na Trigonometria e escorreguei no BigOne nas Quatro Estradas. Li as quadras do poeta Aleixo, o Conde Abranhos do Eça de Queirós e agora ando entretido com o De Amor e Sombra da Isabel Allende. Faço duas corridas por ano para manter a forma física. E tive a sorte de viver no Algarve, a melhor região do mundo. Agora decidi que quero viver até aos cem anos. Viva a vida! Mesmo com mais mês que barriga!
Sem comentários:
Enviar um comentário