Já decidi. Vou esta madrugada na minha viatura própria buscar a medicação do meu filho ao IPO a Lisboa. De Loulé a Lisboa é logo ali. São só 529 quilómetros para ir buscar um medicamento à Farmácia. Seis horas de viagem. 60 euros de gasolina. 40 e tal euros de portagens. 10 euros para comer qualquer coisa pelo caminho e já dá 110 euros. Depois é só juntar mais 50 euros de medicação que tenho que comprar hoje na farmácia cá em baixo, também para o meu filho e quase 40 euros de taxas moderadoras de uma carta que chegou ontem a cobrar episódios de urgência no Centro de Saúde de Loulé a um doente oncológico. 200 euros num só dia. Temos que fazer pela vida que o Estado português deixou abandonados os doentes oncológicos do Algarve à sua própria sorte. O que não posso é deixar o meu filho sem a medicação e vê-lo a arrastar os pés cá por casa. Tenho um pequeno problema, mas esse talvez seja de mais fácil resolução. Como o miúdo ainda não fez uma sobrevida de 5 anos e não tem autonomia totalmente recuperada, tenho que levá-lo à escola e não consigo estar em dois sítios ao mesmo tempo, Farmácia Hospitalar do IPO e Escola Secundária de Loulé. A solidariedade familiar haverá de resolver isto. Desculpem o desabafo, mas isto não é um país, é uma choldra, uma pocilga, uma outra coisa qualquer, onde se instituiu institucionalmente o salve-se quem puder. Já não tenho palavras que sirvam para nomear o Estado a que isto chegou.
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