A trapalhada é monumental. Antes de mais dizer que estou eternamente grato ao IPO por fornecer estes medicamentos, sem os quais o meu filho não tem o mínimo de qualidade de vida e provavelmente pode não sobreviver. Agora nada justifica a monumental trapalhada que não fui eu que a criei. Três horas depois de ter chegado de Lisboa com os medicamentos, ter feito quase 600 quilómetros, ter gasto 150 euros, ter posto óleo no carro duas vezes no meio do caminho, não ter dormido, perdido tempo precioso de trabalho e ter preenchido o livro de reclamações dos serviços farmacêuticos do IPO, telefonam da farmácia em Loulé onde habitualmente ia buscar os medicamentos a dizer que os medicamentos estão em Loulé, para os ir buscar. Primeira lição: Nunca desistam de lutar pelos vossos direitos e obviamente cumpram integralmente os vossos deveres. Segunda lição: Tivesse eu a quarta classe ou fosse meio analfabeto, desempregado ou a ganhar o salário mínimo e o meu filho teria provavelmente ficado sem o medicamento, pelo menos por uns dias. Terceira lição: Numa sociedade em que o Estado abandonou os indivíduos a solidariedade eclodiu nas redes sociais. Amigos meus, ex-alunos, gente que não conheço de lado nenhum, todos mostraram a sua solidariedade e alguns inclusivé disponibilizaram-se para me arrajar maneira de me fazerem chegar os medicamentos. Quarta lição: A economia da saúde e a racionalidade gestionária neoliberal está a fazer muito mal à saúde do portugueses e castrou a racionalidade dos Governantes e dos gestores hospitalares. Na ânsia sôfrega de reduzir custos envia-se os doentes com cancro do Algarve para Espanha, em Sevilha, na mais repugnante decisão da história da saúde no Algarve e agora a intenção era clara de reduzir custos com o "desperdício" de fazer chegar os medicamentos às pessoas das regiões periféricas. São tempos cruéis e que exigem cidadãos informados, politizados e que lutem pelos seus direitos, pela democracia e por uma vida digna. É lamentável que um Governo que se diz socialista não seja nada disto. Obrigado a todos aqueles que se solidarizaram com a situação vivida. Estou convencido que o IPO vai repor o serviço. O trabalho jornalístico e as perguntas que os jornalistas fizeram ao IPO foram determinantes para o desfecho da situação. O jornalismo é fundamental para a democracia.
Sem comentários:
Enviar um comentário