Ano 2022 a chegar ao fim para nunca mais na vida voltar. É assim todos os anos. Os anos que passam já não voltam. A boa notícia para mim é que contínuo vivo e em 2023 a caminho dos 53. 2022 teve o seu lado positivo na garra e na solidariedade familiar com que todos os membros da minha família decidiram cuidar uns dos outros, em tempos de enormes adversidades. Tem sido assim desde sempre, mas nos últimos tempos ainda mais, face à luta contra a velhice de uns e a doença de outros, que teima em se introduzir nas nossas vidas. Depois todo este início de milénio, neste 22 anos, vai deixar um lastro largo para os historiadores e outros cientistas sociais. Crise económica e financeira à escala global com intervenção da Troika em Portugal, uma pandemia planetária que ainda não acabou e não se sabe bem quando vai acabar, a guerra a rebentar na Ucrânia, no início de 2022, a inflação a disparar e a fazer crescer a pobreza e as desigualdades sociais, um povo que com medo de si próprio, do futuro e da extrema-direita, deu uma maioria absoluta a um governo de desastre. Um governo que já se faz implodir a si próprio com a demissão de 11 dos seus membros em nove meses e que destrói o futuro e a esperança dos portugueses numa vida melhor. A nível profissional, o ano 2022 d. C. marca a minha vida pelos piores motivos. Em condições pessoais e familiares dificílimas devido a doença e à doença de alguns membros da família, consigo ainda assim obter a classificação de excelente em todas as dimensões da avaliação profissional em jogo para o último triénio, para ver a seguir, o reitor da Universidade por cotas, enxovalhar e desconsiderar brutalmente o esforço do meu trabalho, desclassificando-me administrativa e burocraticamente de excelente para relevante, retirando-me 3 pontos (o equivalente a um ano de trabalho) em 9 possíveis, sem qualquer explicação para isso. Como se não bastasse sou nomeado para uma comissão contra minha vontade mesmo tendo confessado a minha incompetência para o exercício dessas mesmas funções. A ultima vez que me aconteceu isto foi no casamento de uma prima minha que sabendo da minha condição de ateu me fez ir ao altar da igreja ler as sagradas escrituras. Parece que já vale tudo, mas parece que não tenho como não aceitar porque isso seria violar a hierarquia do poder formal. E é assim que estamos. Como a minha "resiliência" é genética, para ir ao encontro do pior que se faz nas universidades, em termos de conceitos usados na análise científica da realidade, avancei também em 2022 para a realização de um pós-doutoramento em Sociologia, que é aquilo que me ajuda a segurar de pé, do ponto de vista do reconhecimento profissional. Toda a minha vida foi assim. Ao pé da porta mal tratado, fora da minha terra e do reino dos algarves (continua a ser um reino ainda que possa não parecer à maior parte das mentes mais distraídas) foi onde sempre me senti não só reconhecido pessoal e profissionalmente como sempre tive um enorme sentimento de gratidão pelo que ia fazendo por esse país fora. Do ponto de vista da situação do meu país, Portugal, não perspetivo grandes alterações em 2023 face a 2022. A pobreza e as desigualdades têm tudo para continuar a crescer, a Saúde está num caos total e o que se vislumbra de mudança é apenas o intensificar da propaganda que procura tapar a degradação em que o sistema se encontra. Na educação, os maus tratos aos professores vão continuar, a escola competitiva, excludente, destruidora da saúde mental dos alunos e professores, formatada pelos rankings, não indicia mudanças de maior. A justiça nem vale já a pena falar porque de justiça já não resta nada a não ser o Juiz Ivo Rosa e a sua voracidade em decidir de acordo com os interesses do poder político do momento. Na política, o Governo já implodiu e o que vai restar são as eternas manigâncias de um Presidente da República que está permanentemente a enganar os portugueses e que passou os seus mandatos a tirar selfies. A boa notícia é que apesar das alterações climáticas, o mundo vai continuar e enquanto os humanos não destruírem por completo o planeta, haverá sempre quem continue a fazer a sociedade, depois de cada um de nós partir para o outro mundo. Em 2022, foi-se o rei Pelé, um vivo morto, como são todas as lendas vivas. Em 2023, a vida vai, portanto, continua a rodar, na sua efervescência inquieta. E é por isso que vale a pena viver. Votos de um Feliz Ano Novo para todos! E não se esqueçam, carpe diem!
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