Exmo senhor Diretor do Jornal Público,
Exmo senhor Provedor do Público,
Venho por este meio mostrar a minha indignação com a censura levada a cabo por este jornal ao artigo do Dr. Pedro Girão intitulado "Uma vacina longe demais". Compro e leio o Público há mais de trinta anos e não posso deixar de lamentar que um jornal que foi essencial ao debate público na democracia portuguesa seja capaz de introduzir de novo a prática do lápis azul, sobre o pretexto de recusar argumentações que ponham em dúvida a segurança e a credibilidade da vacinação dos menores de 12 anos. Não sou negacionista, tomei todas as vacinas do Sistema Nacional de Vacinação assim como os meus filhos a tomaram. Tenho dúvidas sobre a decisão da vacinação de menores de 15 anos. Dúvidas legítimas baseadas no que vou lendo sobre a controvérsia científica instalada. Sim, a ciência também é feita de dúvidas e de controvérsia. Se assim não fosse ainda pensaríamos que é a Terra o centro do universo. Como sabe o senhor Diretor Manuel Carvalho, a própria comissão técnica de vacinação, deu num momento inicial, o seu parecer negativo à vacinação de menores de 15 anos e só após a inacreditável pressão política do senhor Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do senhor Primeiro-Ministro António Costa, e a do senhor Vice-Almirante Gouveia e Melo, é que a comissão técnica de vacinação, entretanto já substituída pela Diretora Geral de Saúde, Dr. Graça Freitas, decidiu "cientificamente" do parecer positivo das vacinas. Perante este cenário a desconfiança obviamente instalou-se na opinião pública e é natural que as opiniões no espaço público sejam controversas. A um jornal com informação credível não lhe cabe tomar partido pela narrativa oficial do governo e muito menos censurar quem discute os problemas que a todos nós enquanto coletividade dizem respeito e muito menos ostracizar quem emite opinião contrária ao discurso que convém aos poderes económicos, políticos e mediáticos do momento. Vou ponderar se vale a pena continuar a comprar o jornal Público e não queria deixar de dizer também que esta direção do jornal em meu entender não tem condições para continuar a exercer as suas funções. A censura não é admissível em regimes que se dizem democráticos e a função da comunicação social é precisamente contrária aquilo que a direção do jornal acaba de fazer. Não tenho grande esperança que a carta que agora escrevo seja publicada, mas senti que a tinha que escrever. Em nome da liberdade e sobretudo, da liberdade de imprensa.
João Eduardo Martins
Professor
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