Então foi assim. Em 2008 colapsou o mercado imobiliário nos EUA o que levou ao colapso do mercado financeiro no país e posteriormente um pouco em todo o mundo e como tal, também na Europa e em Portugal. Sócrates chamou a Troika e a dupla Passos/Portas assumiram o poder para decidir implementar um programa que ainda ia mais longe do que a Troika. O vandalismo económico e social das políticas da Troika levaram a uma erosão do tecido económico e social sem precedentes nas últimas décadas na sociedade portuguesa. Cortes nos salários e nas pensões para resgatar a banca e os banqueiros, corte nos subsídios de férias e de Natal, ataque brutal ao Estado Social, flexibilização das leis do trabalho, etc, etc, etc. Quem tivesse lido o livro "A Globalização da Pobreza" de Michel Chossudosvky sabia bem o que tinham sido as intervenções do FMI em todo o mundo e o que nos ia acontecer em termos do aumento da pobreza e das desigualdades no nosso país. Na sequência da destruição massiva do país e da vida de grande parte dos portugueses, Pedro Passos Coelho ganha as eleições e o Dr. Costa é salvo pelo BE e pelo PCP que depois da derrota eleitoral consegue fazer uma maioria de esquerda. A geringonça que governou mais à esquerda pela aliança com o PCP e o BE, fez com que o Partido Socialista engolisse progressivamente estes dois partidos. Submissos, sem exercerem o escrutínio do poder que deveria ter sido feito, deixaram o espaço da oposição livre para o Chega crescer. O resto é conhecido e a narrativa do BE e do PCP estão certas. Costa quis livrar-se dos seus "empecilhos" e para além de os ter humilhado vezes sem conta, forçou a queda do Governo sempre na esperança da maioria absoluta. O medo do regresso da direita (no imaginário popular, a direita da Troika) em resultado da falácia das sondagens que deram empate técnico, permitiu mobilizar as tropas socialistas para o voto (a arruada do Chiado foi uma vergonha autêntica em tempos de pandemia) e espantosamente os eleitores do Bloco e do PCP (militantes?) votaram em massa no Partido Socialista. O Bloco e o PCP ficaram reduzidos a quase nada. O BE é agora um grupelho que não chega a meia dúzia de deputados (e mais grave, um grupelho ensimesmado e fechado sobre si próprio) e o PCP perdeu força nos últimos anos em todas as frentes (perda de força dos sindicatos, perda de autarquias, diminuição brutal do número de votos, perda das massas nas ruas...). Vai ser uma verdadeira travessia no deserto porque à esquerda a confiança nestas duas "forças" partidárias foi-se. A luta maior é agora contra a extinção. O erro maior, talvez seja o mais provável, sobretudo do BE, a gritaria contra o Chega, que lhe vai dar importância e protagonismo e desvia as energias do combate à maioria absoluta de Costa. Mas do Bloco de Esquerda já se espera tudo, ou seja, nada. Tiveram o que fizeram por merecer. Não tenho pena.
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